Pequenas luzes... simplicidade... Pirilampos iluminavam a noite piscando; eram pontinhos brilhantes de vida na escuridão em noite de Lua Nova, como as estrelas! Pintassilgos são passarinhos comuns (ainda existem), de muitos tipos, e representam as coisas mais simples... selvagens, são livres!
28 de dez. de 2011
Recordações Natalinas…
15 de dez. de 2011
Coisas do Passado que se acabaram no Futuro.
Recebi de um amigo, Rev. Joel Soares, o texto abaixo, da autoria de Ismael Gaião, pessoa que não conheço. Com certeza ele é da minha geração, porque tudo que ele fala ai abaixo, eu vivi também. Também não sei onde o Sr. Ismael publicou o texto que compilo abaixo.
Não se trata de um saudosismo melancólico, mas a constatação que nem sempre progresso significa vida melhor, e que nem sempre evolução significa que as coisas ficam melhores…
NO TEMPO DA MINHA INFÂNCIA (Ismael Gaião)
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal
Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade
Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração
Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir
Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança
No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado
Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos
Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras
Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cowboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão
Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Itororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé
Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar
Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia
O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço
E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar
Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade
Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...
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Eu só não sinto vontade de ser criança outra vez; se for para ser nestes tempos, não mesmo! Porque hoje as crianças não são crianças, mas são imagens dos adultos; não produzem absolutamente nada, embora passam boa parte do seu tempo com uma agenda complicada… são cheias de direitos e mal educadas. Seus brinquedos brincam sozinhos, e passam muito tempo em um mundo virtual de más fantasias…
Com todo o conhecimento que a humanidade acumulou, a vida não é melhor, a não ser para meia-dúzia de espertinhos que formam a elite mais safada que a humanidade já conheceu. O tempo passa voando e quando o sujeito percebe, a vida acabou-se nas correrias, nos milhares de e-mails, na eterna insatisfação de consumir o que aparece na moda e no mercado…
Realmente, o mundo está ficando cada vez mais chato!
Venha Teu Reino, Senhor!
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6 de dez. de 2011
Querem mudar o nome da Árvore de Natal!!!
13 de nov. de 2011
Sobre o tal Diálogo Inter-religioso
Começo dizendo que não tenho simpatia por isso. Dou vários motivos.
Em primeiro lugar, a existência desse conceito reduz muito o significado real de “Ecumenismo”. É invenção da Igreja de Roma separar “Diálogo Ecumênico” (que seria entre cristãos, ou melhor Igrejas – instituições eclesiásticas) de “Diálogo Inter-religioso” (com instituições religiosas não cristãs). Friso que é institucional porque na Dogmática Romana, eclesiástico e eclesial são a mesma coisa: todo diálogo é institucional. Para mim, que adotei o Protestantismo após minha conversão a Jesus Cristo, e tomando minha experiência desde a conversão com a convivência entre diferentes, Ecumenismo é algo muito mais abrangente que um diálogo entre meia dúzia de instituições eclesiásticas cristãs. Ecumenismo, que não precisa ter a palavra “diálogo” ao lado, é uma ação que envolve pessoas, não instituições. Pessoas que se reconhecem diferentes em aspectos de cultura e/ou de fé, de visão de mundo, mas que são capazes de – apesar das diferenças e contradições entre elas – realizar ações concretas em favor de uma causa maior que sua própria experiência religiosa: ações em favor da Justiça e da Paz, por exemplo; em favor dos Direitos Humanos (porque antes de ser religioso, eu e você somos seres humanos), e também em favor de causas mais pontuais e específicas, como por exemplo saneamento básico em um bairro, ocupação de uma área rural improdutiva, e por ai vai. Ecumenismo, no meu entender, é uma ação realizada por pessoas de diferentes credos e culturas visando um bem comum maior.
O que tenho visto acontecer sob o título de “Diálogo Inter-religioso” são encontros de pessoas que representam instituições religiosas para conversar sobre amenidades teológicas ou promoverem uma ação de interesse comum não necessariamente de interesse social amplo, mas às vezes é. Por que então, pergunto eu, não pode ser entendido como Diálogo Inter-religioso quando vou jogar xadrez na casa de meu amigo que é mulçumano, e convivemos com respeito e solidariedade mútuas? talvez porque a gente não fala de religião?! às vezes até falamos, mas não compomos uma bombástica declaração conjunta… apenas nos saudamos e nos despedimos com um abraço fraterno expressando o carinho e o cuidado mútuo, frutos da amizade. Essa relação com meu amigo mulçumano não se enquadra como diálogo inter-religioso, mas se encaixa perfeitamente no que entendo como relações ecumênicas.
Em segundo lugar, eu entendo que Diálogo Inter-religioso – se é que isso realmente seja possível - é uma área da Antropologia – quase um estudo de religião comparada, porque religião é muito mais um aspecto cultural que existencial; a fé é existencial, resulta de uma experiência pessoal subjetiva e, portanto, impossível de ser devidamente caracterizada por qualquer critério de racionalidade objetiva… mesmo que tal experiência se dê dentro do contexto de uma determinada religião. Na maioria das vezes o conhecimento aprofundado sobre a religião (escolhida) é um processo que se inicia após a experiência de fé – conversão – seja essa experiência um fato extraordinário ou fruto de um processo de maturação de vivências religiosas.
Em terceiro lugar, é da natureza das religiões promover o proselitismo. Afinal elas se fundamentam em verdades absolutas, geralmente contraditórias umas às outras. Que diálogo pode haver entre verdades que se excluem? vira debate, avança para embate… e – por civilidade - algumas vezes termina no empate da “tolerância”.
Recentemente participei de um grupo de pessoas interessadas em estudar o “Diálogo Inter-religioso”, e coloquei uma questão que praticamente acabou com o assunto (eles cometeram o erro de me chamarem para ser Assessor, achando que eu seria simpático ao tema!). Como todos no grupo se identificaram como cristãos, eu lancei a pergunta: “e se aqui chegasse uma pessoa e se apresentasse assim: sou fulano de tal, e sou satanista! é um prazer estar com vocês! – qual seria a reação de vocês? iriam dialogar com ele, um adorador de Satanás?”. Ficou aquele cheiro de cu queimado no ar… sabemos que o satanismo hoje existe em muitas sociedades urbanas, e talvez essas pessoas até estejam dispostas a cooperar com cristãos e mulçumanos em defesa da liberdade religiosa… como fica isso? rsrsrsrsrs
Essa questão é também complicada para o pessoal adepto do Movimento Ecumênico, como eu!
Deixo a questão no ar… como não sou teólogo acadêmico, nem especialista em nada, não preciso ficar preocupado em ter uma resposta a isso. Minha fé e minha capacidade de reflexão sugerem que numa situação dessa, a única coisa que eu não deveria fazer seria um exorcismo… mas talvez eu desse um sorriso, diria “seja benvindo!” e em seguida, “me desculpe, tenho de sair por causa de um compromisso familiar inadiável”, daria adeus e ia embora… afinal, não saberia o que dialogar com tal pessoa, que aliás, tem todo o direito de ser satanista como eu tenho de ser cristão…
Mas fico aqui pensando se a Mecânica Quântica com seu Princípio da Incerteza e seu Terceiro Incluído não poderia resolver o problema… ainda estou refletindo, por isso, não sei responder – e talvez nunca descubra uma resposta, o que – aliás – seria algo bastante quântico…
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12 de nov. de 2011
Teste de percepção da natureza
Como este é um blog “politicamente pentelho”, as mulheres e as fêmeas das demais espécies que me desculpem, mas foi a natureza quem decidiu …
A cara do cãozinho preto é quase humana!!! bem real!
(não sei quem é o autor da foto; catei de alguém no Facebook)
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31 de out. de 2011
O valioso tempo dos maduros
O valioso tempo dos maduros
Mário de Andrade
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas: as primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral…
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade...
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
* RIBEIRO, Antônio Carlos S. , ECLESIALIDADE E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: as igrejas cristãs e a experiência salvífica, a partir dos novos paradigmas teológicos na América Latina. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro, Depto. de Teologia, Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUC-Rio, 2009.
28 de out. de 2011
Brasil x Japão
Recebi essas imagens de uma amiga, Janete Weissinger, por e-mail. Não sei quem são os autores, nem quem montou a publicação delas, mas não posso deixar de divulgar e achei bom fazer isso aqui.
Uma comparação de duas catástrofes: as chuvas na Serra Fluminense em janeiro deste ano e o terremoto no Japão em março.
Olhe bem as imagens e as legendas! (clique em cada imagem para ver a foto ampliada)
Depois reflita!
Os bons burguesas vão dizer que o povo japonês é mais trabalhador que o nosso, que eles tem uma cultura milenar, etecetera e tal… Mas eu acho que o buraco é mais embaixo, é uma questão de consciência cidadã…
Talvez os japoneses saibam escolher melhor seus governantes, seus legisladores… e talvez no Japão a corrupção receba um tratamento menos cruel e mais justo (aqui é cruel porque ela se perpetua pela impunidade)…
Enquanto isso, aqui no Brasil, os recursos públicos são empregados em eventos que vão movimentar bilhões para o capital internacional e vão deixar por aqui elefantes brancos cuja manutenção será caríssima e migalhas para a nossa economia real.
Pense nisso na hora de votar!!!
Informe-se sobre o desempenho dos nossos Parlamentares (federais, estaduais e municipais); ao escolher Prefeito, Governador e Presidente da República, informe-se sobre a biografia política e particular dos/das candidatos/candidatas. Infelizmente o condomínio fechado do Judiciário não depende do voto cidadão, mas se escolhermos bem o Executivo e o Legislativo, o Judiciário entra na linha!
Cansei de ver no interior do Brasil pessoas dizendo que votam em Fulano para Prefeito porque ele dá passagem de graça, remédio, e empresta o trator da prefeitura para serviços em propriedade rural privada…
Não há corrupto sem corruptor. Isso vale tanto para as mamatas de milhões de reais nas altas esferas, quanto para a cervejinha do guarda de trânsito nas ruas da cidade…
Pense nisso! Seja Cidadão e não “um popular” que assiste passivo o que acontece por ai… está em suas mãos tornar a política brasileira digna de confiança e de sadio orgulho cidadão – somos um triste país onde o orgulho nacional está apenas no talento de alguns dos nossos desportistas...
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27 de out. de 2011
Aos mestres com carinho (e saudades do tempo em que a escola era Escola)
11 de out. de 2011
Inclusividade ou Diversidade?
25 de set. de 2011
Tolerância Religiosa, vírgula!
Antes que os politicamente corretos de plantão comam meu fígado, devo deixar claro que eu não defendo a guerra religiosa, nem tampouco considero a minha religião como a única verdadeira. Pelo contrário, meu encontro com a fé cristã se deu no contexto ecumênico, no tempo em que ecumenismo era mais que um chazinho entre hierarcas das Igrejas. Por isso, eu procuro viver a minha fé dentro do contexto da diversidade que o mundo globalizado nos impõe.
Também preciso dizer que defendo a liberdade de expressão e de opinião, e em tempos passados eu mesmo fui vítima de um regime que não permitia nem a liberdade de opinião e muito menos de expressão.
Todavia, eu não posso ficar calado, nem respeitar, certas práticas ditas religiosas que, na verdade são grandes enganações com a finalidade de explorar a boa fé das pessoas desesperadas e/ou ignorantes. Não posso concordar que haja liberdade em explorar o desespero alheio ou – o que é pior – usar o nome de Deus (seja lá qual for) para a venda descarada de “bênçãos" e graças” que simplesmente mantém as pessoas na total dependência de uma prática “religiosa” de compra e venda.
Um dos pontos essenciais da Reforma Protestante, no século XVI, foi a revolta contra o poder absoluto da instituição eclesiástica que se autoproclamava proprietária da graça divina e da “salvação”, verdadeira usurpação de poder, criando o círculo vicioso de dependência e lucro (dependência para os crentes e lucro para a instituição).
Com razão, os Reformadores e a Tradição que herdamos da Reforma, se manifestam contra qualquer tentativa de vincular o poder divino, de forma absoluta e exclusiva, a uma instituição ou pessoa humana (que não fosse o Senhor Jesus Cristo, claro).
Ainda há algumas décadas atrás, os pregadores protestantes proclamavam a falácia de ritos e práticas religiosas como necessárias à Salvação em Cristo. E tanto tinham razão que a própria Igreja de Roma, no seu Concílio Vaticano II, aboliu a maioria dessas práticas e adotou uma postura mais aberta ao diálogo e à cooperação com os diferentes. (Se hoje vemos a Igreja Romana retroceder em muitos desses pontos, é outra questão).
Por isso, em fidelidade à Tradição que aceitei como “background” para expressar a minha experiência pessoal de fé, não posso ser tolerante, nem respeitar o seguinte:
1. Todo tipo de fundamentalismo bíblico (ou com base em qualquer “texto sagrado”) que determine uma maneira exclusiva de comportamento moral e doutrinário como verdadeira fonte de salvação, e, por isso mesmo, demoniza, persegue ou segrega quem pensa de forma diferente ou não vive segundo tais preceitos. Não posso ser tolerante com os intolerantes!
2. Toda pregação religiosa que proclama a salvação através da venda de amuletos, ritos, bênçãos, etc., apresentados como necessários e fundamentais para a ação da Graça de Deus na vida de qualquer pessoa. Não posso ser tolerante com os vendedores de bênçãos e proprietários de supermercados da religião, porque transformam o Sagrado em mercadoria, uma blasfêmia – no meu entender.
3. Toda espiritualidade e religiosidade fundamentada exclusivamente no carisma pessoal de um pregador ou líder religioso, que se autoproclama escolhido (e de forma exclusiva) pelo Divino, detentor único da verdade e do poder celestial. Não posso ser tolerante com os que usurpam o nome de Deus e se confundem com Ele.
( A propósito, nesse ponto, alguém pode alegar incoerência de minha parte, pois sendo cristão, minha espiritualidade se fundamenta essencialmente no carisma pessoal de Jesus de Nazaré. Todavia, diz a Tradição comum aos Cristãos, que Jesus não se anunciou como Deus, mas foi reconhecido como tal pela Igreja, e jamais fez uso desse fato para se impor a quem quer que fosse. Como diz o Apóstolo Paulo na carta aos Filipenses, “[…] a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem e reconhecido em figura humana; a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz[…]” ).
Bem é isso. Hoje é domingo, tenho de ir à Igreja para cumprir meu ofício e servir à congregação pela qual sou responsável como sacerdote em Cristo e pregador do Evangelho.
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19 de ago. de 2011
O Sermão da Montanha, versão para professores
[recebi do meu amigo Handall, lá de Vitória; vou repassando]
Nem Jesus aguentaria ser um professor nos dias de hoje....
“Naquele dia, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.
Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens. Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo:
- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
- Felizes os misericordiosos, porque eles...
Pedro o interrompeu:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
André perguntou:
- É pra copiar?
Filipe lamentou-se:
- Esqueci meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
- Vai cair na prova?
João levantou a mão:
- Posso ir ao banheiro?
Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
Tiago Maior indagou:
- Vai valer nota?
Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.
Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?
- Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica?
- Quais são os objetivos gerais e específicos?
- Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
Caifás emendou:
- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas?
- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?
- Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.
- Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.
- E vê lá se não vai reprovar alguém!
E, foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, Senhor, por que me abandonaste???"
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11 de ago. de 2011
Fulano é uma Anta !
Dizer que alguém é uma anta, referindo-se ao fato da pessoa ser distraída ou às vezes se comportar como idiota, é algo deplorável nestes tempos em que a moda é ser politicamente correto(a). É a mesma coisa que chamar uma pessoa de Burra!
Isso não é certo! é ofensivo e ofende à moral e bons costumes ecológicos!
Afinal, nem as Antas, nem os Burros merecem ser comparados com pessoas humanas. É ofensivo à dignidade animal.
Acho que devemos ter mais consciência antes de usar tal expressão pejorativa para com os animais! Embora geneticamente sejamos muito semelhantes a eles, os animais não são capazes de cometer as vilanias e safadezas humanas, nem demonstram falta de inteligência para resolver seus próprios problemas…
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2 de ago. de 2011
Uma reflexão sobre o Protestantismo Brasileiro
parte final do artigo “Fé e Tradição: um caminho para o protestantismo brasileiro”, de minha autoria, publicado em REFLEXUS: Revista Semestral de Estudos Teológicos – ano IV, nº 04, maio 2010 – Vitória, Editora Unida [Faculdade Unida de Vitória], pp. 65-102. Os números entre colchetes são notas de rodapé do artigo original, e se acham ao final deste texto
Para entender o protestantismo brasileiro, sua evolução e sua situação presente, temos de conhecer o protestantismo norte-americano[1], porque o protestantismo na América Latina, e particularmente no Brasil, é totalmente dependente dos missionários, de diferentes denominações, que chegaram a partir de meados do século XIX, vindos dos Estados Unidos da América.
Nos Estados Unidos, o pietismo acaba se combinando com o puritanismo e com a Reforma Radical, dando origem ao denominacionalismo, ao legalismo e ao moralismo que marcam profundamente o pensamento protestante que chegou ao Brasil com os missionários, especialmente aqueles vindos do sul dos Estados Unidos. Nessa mistura está a marca da mentalidade protestante norte-americana.
Foi na América do Norte que o protestantismo assumiu a postura de isolamento do mundo, por influência de uma ideologia que permeia a sociedade e o pensamento protestante americano: o ideal de santidade aliado ao fundamentalismo bíblico.
O ideal de santidade exige que se prove a conversão e a ação da graça na vida da pessoa. Isso criou uma nova preocupação para cada crente: a de provar a si mesmo e aos outros que é um dos eleitos. Assim, é preciso afastar-se do “mundo”, a “evitar a contaminação pelo mundo”. Esse auto-isolamento rompe com a visão social do pietismo, pois obriga a espiritualidade pessoal dirigir sua atenção para dentro de si mesmo, buscando alcançar a santidade, desvinculando-a da realidade cotidiana e do compromisso social. Ao mesmo tempo, justifica a postura em condenar o diferente, pois o “diferente de mim” não é eleito de Deus [2]. Aqui estão as raízes do denominacionalismo e do moralismo de usos e costumes.
O Fundamentalismo Bíblico, mais conhecido simplesmente como fundamentalismo, é uma doutrina que nasce nos Estados Unidos, fruto da reação dos protestantes ultra-conservadores em defesa do que consideravam os “fundamentos” da fé cristã e bíblica, os quais, segundo eles, estavam ameaçados pelo liberalismo teológico do século XIX [3].
O fundamentalismo é uma ideologia que perpassa muitos campos da ação humana, não só o campo da religião. O “fundamentalismo” sempre existe a partir de um texto considerado paradigmático. O fundamentalismo é uma postura diante do mundo, a partir de uma ideia básica, oriunda da forma de interpretar ou entender um texto, considerado paradigmático, considerado absoluto. Qualquer raciocínio ou fato que negue o absoluto do texto é considerado falso a priori, sem análise, simplesmente com base na “autoridade” que se atribui ao texto. No caso do fundamentalismo bíblico, esse texto é a Bíblia.
Ser fundamentalista é adotar posturas fechadas diante da realidade, negando tudo aquilo que contraria sua forma de interpretar o texto. Ou seja, o fundamentalismo parte de uma leitura (hermenêutica) dogmática do texto, como se o texto não tivesse história, autoria, contexto de origem; como se a interpretação dogmatizada fosse a única maneira de ler o texto, sem crítica, aceitando apenas as palavras tais como estão escritas; enfim, o fundamentalismo trata o texto como se ele, por si mesmo, fosse o absoluto. É a idolatria do texto.
O fundamentalismo é uma postura intelectual muito difícil de ser sustentada; na verdade, o fundamentalismo se sustenta através de apelos emocionais. Diante de qualquer afirmação que ameace a interpretação literal do texto bíblico, o fundamentalista reage de forma emocional, considerando diabólica tal afirmação por ser contrária à “Palavra de Deus”. Assim se procede em relação às ciências naturais, às ciências sociais e à própria teologia bíblica. O grande problema do fundamentalismo, no Brasil, é que a maioria dos fundamentalistas não sabem, ou não admitem, que o são.
O estudo pormenorizado do protestantismo norte-americano nos permite entender vários aspectos daquela sociedade, seus fundamentos e valores e, assim, o tipo de protestantismo que chegou ao Brasil, trazido pelos missionários que de lá vieram, e que continua chegando hoje através do patrocínio de setores ultra-conservadores da sociedade americana. Ajuda-nos compreender os fundamentos da identidade evangélica brasileira, ou seja, porque somos o que somos e porque somos como somos.
O protestantismo brasileiro perdeu, a nosso ver, suas raízes da Reforma, tornando-se uma mescla confusa de ideologias e apresentando comportamento cada vez mais fundamentalista e sectário. Essa opção, consciente ou não, faz da atividade missionária mais um processo de arregimentação de clientela para o consumo de uma crença, do que o chamado à conversão e à vivência na fé.
Conhecer a Tradição Cristã, desde seus fundamentos no kerigma apostólico, passando pela reflexão da Igreja de todas as épocas, é fundamental para criar o senso de identidade que possibilita visão crítica diante do mundo e, ao mesmo tempo, fortalece o desempenho da missão no seu real sentido apostólico: o anúncio da revelação do mistério de Deus em Jesus Cristo, a boa notícia da salvação.
[1] Sempre estamos nos referindo aos Estados Unidos da América, quando falamos “norte-americano”.
[2] Curioso notar que essa era, exatamente, a postura dos escribas e fariseus, e contra a qual Jesus se pronunciou muitas vezes.
[3] Cf. MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo:Mundo Cristão, 2008 [Teologia Brasileira]. p. 222.