Ainda hoje vemos a presença de conceitos típicos da Cristandade nas comunidades cristãs contemporâneas.
O paradigma para a Missão continua sendo o crescimento numérico da membresia, ou seja, o fortalecimento institucional, confundido com o conceito de “salvação para todas as pessoas”.
Essa “necessidade de aumentar a clientela” cria situações que vão desde um radicalismo conservador extremo, passando por posturas mais liberais do ponto de vista comportamental, até modelos esdrúxulos de vida litúrgica e comunitária. Basta olhar para a maioria das denominações cristãs contemporâneas, cheias de novidades, vitrines simpáticas para atrair clientela, desde posturas morais superconservadoras até as mais aceitas como politicamente corretas (um conceito vago e ideológico, tão moralista quanto ao anterior, mais modismo que realmente posicionamento ético). Tudo depende do grupo que detém o poder institucional e do público-alvo como clientela.
Todavia, pouco se fala sobre o Evangelho do Reino, e se faz de Jesus uma espécie de super-herói, oposto ao galileu que realmente foi.
De uma forma ou de outra, permanece a ideia do “deus” justiceiro e castigador, que exerce a eterna vigilância sobre as pessoas, o “deus juiz implacável”, incapaz de qualquer demonstração de misericórdia, porque o critério é a justiça retributiva: “pecou, se lascou”! Também permanece a ideia do “deus” que testa a fidelidade dos seus “fiéis” através de situações de sofrimento, algumas além da capacidade humana de resistir; e, ainda, a falsa dialética de que se algo deu certo é porque “deus” abençoou, mas se deu errado é sua culpa por não ouvir a voz de “deus”. Ou seja, o mote do cristianismo tem sido, há séculos, a culpa permanente e o medo da “ira divina”! Fica a pergunta subjacente: não seria esse o mote da maioria das religiões de massa?
Claro que não faltam textos inteiros na Bíblia que parecem afirmar a culpa humana e a ira divina, possibilitando o grande repertório de sermões apelativos, principalmente hoje quando a pregação não se fundamenta na exegese, mas em atingir emocionalmente as pessoas. Com a Bíblia, o texto pelo texto, se prova qualquer postura ideológica, à escolha do pretenso pregador.
Sendo hoje, desde Constantino, uma religião de massa, o cristianismo perdeu sua vocação profética de denúncia, anúncio e testemunho, reduzindo-se a uma proposta moral tacanha e hipócrita nas vitrines institucionais.
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Irmão, você está sendo muito severo com as Igrejas. Claro que você tem razão na crítica à postura propagandística, mas vemos também ventos proféticos nas igrejas. Há uma nova geração assumindo posição de liderança e isso traz ventos novos, bons e ruins.
ResponderExcluirEsta é a terceira postagem seguida onde vc afirma que está elaborando um texto sobre Missão. Vai publicar "picadinho" aqui? Espero para ver o que vem por ai...
Saudades de vc!