Temos visto, recentemente, verdadeiros shows de intolerância frente à necessidade da sociedade brasileira adequar-se aos novos tempos e à percepção – cada vez maior – da diversidade humana.
Com efeito, cada vez mais se toma consciência que a sociedade humana – assim como toda a Criação – é de impressionante diversidade; fica quase impossível pensar-se em um “ser humano padrão”, se buscarmos padrões cartesianos. A diversidade se expressa em forma de cultura , etnia, língua, e em tudo aquilo que o ser humano cria e desenvolve com sua inteligência – e aqui me refiro inclusive às artes, às tecnologias e também às religiões.
Essa mesma diversidade percebemos em toda a Criação, o Jardim criado por Deus e entregue ao ser humano para ser cuidado; Jardim esse que o ser humano perdeu quando a cobiça de poder – o ser igual a Deus! – tomou conta de seu coração (cf. Gênesis 2.4-3.24 – uma interessante narrativa mitológica explicando a origem do mal inserido no seio da humanidade).
Entre os seres vivos, desde os seres unicelulares até os grandes mamíferos (o ser humano entre eles) a diversidade biológica é imensa. O mundo mineral, o próprio universo, tanto o macrocosmo quanto o microcosmo é de uma riqueza imensa em diversidade.
Assim é que temos visto nos últimos dias, ou melhor dizendo, nos tempos recentes, comportamentos e atitudes totalmente contrários à diversidade, uma demonstração de intolerância que chega a ser blasfema quando invocada em nome de Deus, o mesmo Deus que fez da diversidade a marca da Criação! Pior ainda quando entre os intolerantes aparecem ditos cristãos, nós que anunciamos e cremos em Deus que, por sua própria natureza, é diversidade (TRINDADE!!!!!!).
Os intolerantes cristãos – sejam eles ditos evangélicos ou católicos – justificam-se usando e ab-usando do texto da Bíblia, catando aqui e ali versículos para atribuírem a si mesmos o poder de “falar em nome de Deus”.
No que se refere à intolerância religiosa, a Igreja de Roma sempre assim procedeu, haja visto a (nada) Santa Inquisição, embora os protestantes e os cristãos orientais também não sejam santinhos; quando o Protestantismo chegou à América Latina, colonizada católico-romana, muitos dos nossos templos foram queimados, destruídos, pastores perseguidos, e - entre os episcopais, por exemplo – pessoas não podiam afirmar sua orientação religiosa sem colocar em risco seus empregos e a segurança de seus lares. Todavia hoje, os ditos “evangélicos” – a péssima herança deixada pelo Protestantismo nas terras Ameríndias – repetem o mesmo comportamento de intolerância para com as religiões de matriz africana e/ou indígena que insistem com muita fibra em permanecer na nossa sociedade.
Não vou ocupar espaço no servidor do blog falando da intolerância quanto à orientação sexual… é mais do que notório o preconceito e a intolerância para com pessoas cuja orientação sexual difere daquilo que os “puros” entendem como “padrão pela vontade de Deus”.
Interessante que a maioria dessas vozes intolerantes são profundamente tolerantes com a corrupção política, com a usura, com a injustiça e confundem a gananciosa e cruel prosperidade capitalista com “bênção” de Deus!!! O mesmo Deus que – ESTÁ ESCRITO – afirmou serem os pobres bem-aventurados, serem os pacificadores os herdeiros da terra, etc., etc., etc. Nesses casos não são fundamentalistas, pelo contrário, buscam exegeses que agridem o bom senso das pessoas e os padrões das ciências hermenêuticas; mas quando se trata da religião diferente, da orientação sexual diferente, ou seja, de tudo que seja diferente do padrão moral por eles definido como “vontade de Deus”, então ai, o texto bíblico é assumido sem interpretações... fundamentalismo de conveniência ideológica.
Assim vimos a vergonhosa aliança política no Congresso Brasileiro entre a bancada evangélica e a frente católica (aliança muito ecumênica por sinal – nessa hora é conveniente ser ecumênico), negociando com a situação o calar-se diante do caso Palocci em troca da permissão para a homofobia. Sabe-se lá o que rolou na questão do Código Florestal… e sabe-se lá que diabólicos acordos os parlamentares ditos “cristãos” não estão fazendo para manter o “direito” de ser intolerante e perseguir (segregar) os diferentes…
Convido vocês, que têm paciência em ler este blogue, a cerrar fileiras na intolerância: sejamos todos (e todas, vá lá) intolerantes com os intolerantes.
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