21 de dez. de 2010

Natal?

Há alguns dias estava eu passando pelo Largo da Carioca, e um sujeito berrava quase à beira da histeria, que Jesus não nasceu dia 25 de dezembro, e – como é usual – culpava a Igreja Católica por ter inventado isso! De certa forma, o histérico tem razão: a data de 25 de dezembro foi adotada pela Igreja Cristã da época pós-apostólica por ser a festa pagã do Sol Invicto, o Sol Vitorioso, celebrada logo após o Solstício de Inverno (hemisfério norte). A partir dessa data os dias do inverno se tornam cada vez mais curtos até que chega a primavera (equinócio).  Mas não é sobre solstícios e equinócios que quero falar; a aula de iniciação à astronomia fica para uma outra oportunidade. Importante entender que ao adotar a data pagã, a Igreja está afirmando que Jesus Cristo é o Sol da Justiça, vitorioso e invicto diante do Mal!
Pouco importa, de fato, saber a data exata do nascimento de Jesus, seja o dia, seja o ano… importa reconhecer que – em Jesus – Deus se manifesta encarnado na história humana! A Festa da Natividade do Senhor (nome litúrgico correto) celebra exatamente o mistério do Deus que se revela na pobreza e na simplicidade de um Menino pobre e despojado.  O Mistério da Encarnação, que a Igreja celebra em 25 de março (nove meses antes!) – Festa da Anunciação – se completa na Natividade!
Entretanto, o que a gente vê hoje no mundo ocidental, dito cristão? não há manjedouras, não há o Menino, não há os pastores… às vezes aparecem uns anjinhos com cara de idiota. Mas a figura do Papai Noel é constante! como também são constantes as frases dedicadas à Paz, à Harmonia, ao “Espírito de Natal” – um tempo em que as pessoas ficam mais boazinhas e o capitalismo selvagem aumenta seus lucros com os gestos de “boa-vontade”, ou seja, os presentes! Interessante ver na TV, por exemplo, publicidade de Bancos e Instituições Financeiras falando de Paz, Harmonia, Solidariedade!!! é muita cara de pau!!! O usurário querendo parecer justo e bondoso, contrariando sua própria natureza gananciosa!!!
O Papai Noel, velhinho gordo de roupas vermelhas, bolação genial da Coca-Cola em meados do século XX é o símbolo do Natal contemporâneo, símbolo do consumismo e da hipocrisia que deseja a todos felicidades, paz e harmonia, exatamente para fortalecer o lucro dos que promovem a injustiça, a guerra, a morte!
Quando eu era criança, meus pais me ensinaram que o Papai Noel era o São Nicolau, um Bispo dos tempos antigos que, com muita misericórdia, distribuía alimentos e bens aos pobres de sua diocese. Na língua inglesa ainda se fala em Santa Claus, mas a imagem é a mesma: não se fala mais nada sobre o São Nicolau, apenas o bom velhinho da Coca-Cola. O que poderia ser um real exemplo de compaixão, solidariedade – alguém que reparte com os pobres – se tornou o incentivo do consumo: compre presentes! e o “dar presente” se tornou um imperativo das relações públicas…
É bem verdade que neste tempo, muita gente se lembra dos pobres, das instituições de caridade. A mídia das futilidades mostra com todo requinte, famosos emocionando-se ao presentear crianças órfãs… que passam esquecidas o resto do tempo! ou “socialites” promovendo “ceias natalinas” em asilo de idosos…
Feliz Natal, seja lá o que isso signifique para você!

4 comentários:

  1. Maravilhoso esse post e extremamente necessário e oportuno. Parabéns!!!Posso publicá-lo no meu blog Teologizar?
    Deus o abençoe querido amigo e Mestre!
    Feliz natal e um ano Novo pleno em realizações!

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  2. Realmente o que você escreveu é bem adequado a esse período quando o consumismo puro já é a nova forma pagã de uma festa que já foi cristã. Também quero colocar num blog meu.

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  3. Sabe, no interior da Áustria, onde estou em férias, ainda há o Natal religioso. O Culto de Natal na Igreja local (Luterana) foi inspirador e constextualizado. A ênfase foi a atualidade do Meino Pobre de Belém... ainda há esperança!

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