7 de dez. de 2010

O Alemão e a segurança pública

29_MHG_rio_penha O Brasil acompanhou o show televisivo, em rede nacional, da “Conquista do Complexo do Alemão” (sendo um complexo, talvez Freud explique…). A imprensa carioca considerou o evento a “libertação” da cidade.  Uma excelente mídia para ajudar a imagem do Rio de Janeiro, visando as Olimpíadas e a Copa… bom cacife político para o Governador!

Na verdade, o espetáculo não foi tão magnífico assim. Afinal, os bandidos fugiram em grande maioria, mesmo depois da chegada da “cavalaria”, do Rim-Tim-Tim, do Zorro, do Homem-Aranha e da Super Caveira. Literalmente os bandidos fugiram entrando (ou melhor, saindo) pelo cano!  Teve até a frota naval (anfíbios), mas faltou, naturalmente a Oitava Frota dos EUA. Talvez ela venha para a invasão da Rocinha, se o Governo do RJ espalhar a notícia que o Osama está escondido lá… Entretanto, nada disso resolve o problema.

Não vou dizer que a violência urbana é consequência da miséria, deixo isso para a esquerda porra-loca que ainda insiste em existir. Também não vou dizer que a “ausência do Estado nas favelas (ooops! comunidades!)” facilita a presença dos narco-traficantes armados. Como assim o Estado ser ausente?

Assumir que o Estado esteja ausente de alguma parte do território é assumir que há “repúblicas” dentro da República – talvez por isso a imprensa insistiu no uso da palavra “guerra” para descrever a ação policial.  Seria admitir que o Governo não tem controle do território, o que não é verdade. Tanto que, quando há interesse político, o Governo se faz presente sempre, em qualquer parte do território nacional. Não ter políticas públicas para determinada região, é uma política pública!

Alguns poucos setores da imprensa apresentaram análises mais contundentes, sem a euforia da “vitória militar”! Apresentam a complexidade do problema de segurança pública, não só no Rio, mas no Brasil e em outros lugares do mundo.  Por isso, eu não vou apresentar a minha análise, até porque não sou especialista nisso. Mas não posso aceitar as análises simplistas para explicar o problema.

A Cidade do Rio de Janeiro não é campeã de violência urbana no Brasil; perde, por exemplo, para Vitória e para Recife. Porém, no Rio a violência é mais visível por causa de sua geografia. Afinal, centro e periferia se confundem, se entendermos isso como distribuição das classes sociais. Por isso, é descabida toda a exaltação da mídia, uma forma de encobrir a complexidade do problema, que é muito mais complexo que o “Complexo do Alemão”.

Policiais do Bope se preparam para entrar no Complexo do Alemão [Foto - Marcelo de Jesus - UOL][6]

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Uma coisa curiosa: na “Guerra do Complexo do Alemão”, em rede nacional, a gente pôde observar homens vestidos de preto, a  maioria deles homens pretos, perseguindo outros homens pretos, mal vestidos… não é curioso? não há ai algo curioso? pense…

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3 comentários:

  1. Meu caro, de fato não existe ausência do Estado; existe sim Estado irresponsável!!!
    Passaram imagens dessa "guerra" aqui na Europa (ví na Alemenha e Danny comentou que viu na Holanda). Sempre com o comentário de que o Governo do Rio de Janeiro dá mostras de garantir a segurança para os eventos desportivos que virão...

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  2. Realmente, tudo isso é muito complexo. Só espero que os cidadãos de bem do "COMPLEXO DO ALEMÃO" não se sintam "complexados" depois de todo esse complexo. Fui muito complexo?

    Parabéns Caetano pela sua (como sempre) inteligente análise!

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  3. o engraçado é que o Brasil todo viu dezenas de bandidos fugindo, exceto as polícias... difícil é acreditar na veracidade desse teatro.

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