26 de jul. de 2025

SOBRE MISSÃO - 9 - Os agentes da Missão

 

Esta postagem é sequência das anteriores e faz parte de um texto maior, sobre MISSÃO; cujas partes estão publicadas aqui a partir de  9 de junho de 2025. O texto completo foi dividido em várias pequenas postagens para facilitar a leitura. Sugiro que você leia antes as postagens anteriores (a partir de 9 de junho) para ter a visão completa do conteúdo até o momento.

Os dois modelos acima (veja a postagem anterior) apresentados serão implementados pelos agentes adequados.

No primeiro caso, cujo objetivo é fortalecer a instituição, é obvio que o agente é a burocracia institucional através de seus comitês (comissões, departamentos, etc.) responsáveis pela Missão. Mas isso requer  mão-de-obra profissionalmente qualificadas, a fim de evitar a panfletagem malfeita e idiota que acaba estragando a imagem do produto. Como toda publicidade, os custos são altos, mas, se bem feita, tais custos são rapidamente recuperados e o lucro é certo. Nesse sentido, algumas das ditas “igrejas neopentecostais” são exemplos de sucesso, assim como pastores narcisistas que têm boa assessoria de comunicação. Com tal capacidade, uma grande clientela de consumidores é facilmente conseguida.

No segundo caso, o anúncio do Reino de Deus e sua manifestação através da Presença do Logos Encarnado, o agente da missão é o povo que já segue Jesus, o Cristo, como aconteceu a partir das pequenas comunidades surgidas em torno dos Apóstolos e Apóstolas. Aqui me refiro às comunidades da Igreja, paróquias, missões, igrejas locais, comunidades de fé já existentes.

As comunidades são a expressão da Igreja no lugar onde es-tão, ainda que institucionalmente. É a comunidade (e não a burocracia institucional) que conhece a realidade específica do lugar onde está, o cotidiano das pessoas, as dores e alegrias, as manifestações do Bem e do Mal naquele lugar. Assim, a ação missionária deve ser organizada pela própria comunidade (não especificamente pelo clero local, mas pela liderança da comunidade, principalmente a liderança leiga, além do clero).

E é aqui que surge o problema: o povo da igreja não é motivado, nem capacitado para tal tarefa. Quando muito, fazem propaganda de “sua” Igreja, mas não anunciam o Reino de Deus, nem apresentam Jesus Cristo às pessoas. O povo da igreja está sempre reproduzindo o ideal da Cristandade... porque foi ensinado e motivado a fazer isso: trazer gente para a igreja! E, eu diria, mal treinado, pois nem isso consegue realmente fazer com eficácia. 

Para atender ao ideal missionário primitivo da Igreja, será preciso uma nova catequese, um processo de formação e capacitação focado nas Escrituras e na Pessoa de Jesus Cristo, tal como já afirmei nas postagens anteriores e venho afirmando há muito tempo em outras publicações disponíveis e diversas postagens neste blogue.

É preciso que fique claro que não estou propondo o fim da Instituição, até porque isso seria uma tremenda idiotice. O papel da Instituição neste modelo missionário é grande e da máxima importância, não como agente, mas como facilitador, o que vai exigir uma grande transformação da cultura institucional burocrática das Igrejas. Vai exigir uma nova forma de ser, diferente da forma atual, que é fruto da Cristandade e sua evolução na História. 

A Instituição precisará deixar de ser a Estrutura para ser a Infraestrutura da Missão! Não ser protagonista da Missão, mas ser o agente facilitador. Ao invés de comandar, servir!

Comunidades bem formadas e fortemente motivadas à ação missionária terão crescimento lento, mas de qualidade e, com elas, fortalecem positivamente a Instituição Eclesiástica. Não trarão clientela, mas fiéis seguidores – o Movimento agindo através da Instituição.

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8 comentários:

  1. Meu amigo, vá direto ao assunto! Diga com clareza que coisas a Igreja precisa fazer! Mostre o que vc quer dizer com "nova forma para a Igreja". Eu sei que dá medo dizer certas coisas, mas eu conheço você há mais de 20 anos, e sinto que vc está se contendo. Tem medo de algum tipo de repressão? Se isso acontecer, seria uma surpresa, pois vc está em uma Igreja que tem demonstrado ser espaço para livre pensadores. Eu sinto que vc está escondendo algumas coisas. Manda logo pro ar. Isso aqui aprece novela da TV Mexicana (pois sim! aqui tem gente que assiste, acredita?)

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    1. Calma, mano! Vou passo a passo. Até mesmo porque o que vou dizer, já o disse muitas vezes, em várias ocasiões, inclusive aqui neste blogue. Não vem novidade por ai! Agradeço o que vc diz sobre a Igreja Episcopal Anglicana. De fato é isso mesmo, embora sempre há quem interpreta mal ou nem consegue entender esse modo de ser da Igreja.

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    2. kkkk! O Hermann, com bom alemão, é impaciente! Mas eu acho que você tem mesmo de ir a fundo, querido. Sinto saudades da "nossa" Igreja... por aqui, os anglicanos são ingleses, alguns americanos, e ai, já viu, né? aquela coisa... Mas, de fato, tem coisa nova surgindo! Vejo muito imigrantes na comunidade anglicana aqui, gente da África e da Ásia, anglicanos de origem, e trazem uma contribuição nova, trazem a realidade para dentro da comunidade que vivia de saudades do antigo Império.

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  2. Reverendo Caetano, obrigado por suas reflexões sobre a missão. Éfundamental reconhecer que o protagonismo leigo é vital para a renovação da Igreja e para o anúncio do Reino de Deus. Ao dar espaço para que os leigos assumam papéis de liderança, a igreja se torna mais relevante e conectada às necessidades cotidianas das pessoas. A experiência que compartilho aqui é sobre a tendência de clericalizar o laicato, o que pode comprometer a vitalidade que os leigos trazem.

    Veja o crescimento das igrejas neopentecostais. São exemplos de como a liderança leiga pode ser potente. Obviamente, muitas vezes essas igrejas usam formações manipuladas por interesses de dominação, mas é inegável que os leigos desempenham um papel central em seu crescimento.

    Precisamos de uma transformação cultural na instituição que permita que esta atue como facilitadora, apoiando as comunidades em vez de assumir uma posição de controle. A mudança proposta de ver a instituição como uma infraestrutura da missão, em vez de sua estrutura central, é inspiradora. Essa visão se torna uma fonte de esperança e energia para nós da Amazônia, que estamos distantes do centro da igreja institucional.
    A Paz de Cristo!
    Cléber Maurício

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    1. Obrigado, irmão! Você quase deu um "spoiler" rsrsrsrs! Mas não é novidade o que estou dizendo; já venho dizendo a mesma coisa há anos. Mas uma mudança de paradigmas não acontece rápido; é um processo longo, uma transição nem sempre confortável, e isso assusta. Mas está acontecendo; tenho visto iniciativas excelentes de redefinições conceituais e de práticas. O Movimento de Jesus está mais forte hoje que quando comecei a publicar este blogue. Graça e Paz!

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  3. Matheus Piva Ribeiro26 de julho de 2025 às 21:52

    A grande questão para mim é que a Cristandade tornou missão um apêndice da igreja (instituição), enquanto Deus desde os primórdios tratou missão como a própria essência da igreja. Nesse sentido, nas obras de alguns missiologos e nos seus escritos não há uma proposta de inovação, mas uma hipótese de renovação do que já se foi, com mudanças práticas nos papéis das lideranças, onde líderes passam de capelões para mentores, que ajudam outras pessoas ocuparem seus papéis na execução da missão de Deus.

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    1. Estamos pensando igual, maninho. Enquanto não nos livrarmos dos paradigmas da Cristandade, ficamos girando em torno do próprio umbigo; e de tanto girar, vem a tontura e o tombo! É o que está acontecendo por ai. Mas tem coisa nova surgindo! Paradigmas estão mudando. Leva tempo, mas é irreversível. Afinal, o Santo Vento vem como brisa, segue soprando, derrubando muros, mostrando novos horizontes, afastando as nuvens da mesmice! O ministério que vc tem desenvolvido aqui na região é um sinal disso! Graça e Paz!

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    2. Pelo que entendi, o sr. Matheus acima é pastor ou missionário. Que bom! É como você diz; o Santo Vento continua soprando... uma igreja realmente renovada (sem histeria e sem a extrema direita) vem surgindo nas catacumbas. O Movimento de Jesus continua em movimento, como veleiro, impulsionado pelo sopro do Santo Vento.

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