Esta postagem é sequência das anteriores e faz parte de um texto maior, sobre MISSÃO; cujas partes estão publicadas aqui a partir de 9 de junho de 2025. O texto completo foi dividido em várias pequenas postagens para facilitar a leitura. Sugiro que você leia antes as postagens anteriores (a partir de 9 de junho) para ter a visão completa do conteúdo até o momento.
A questão que se coloca não é essa!Um simples retorno à Igreja
Primitiva é um absurdo e uma armadilha. Os tempos são outros, estamos há dois
mil anos de distância; o Movimento de Jesus não permaneceu estático na
História. Em sua relação dialética, Movimento e Instituição se modificam, se
reformulam. O Movimento é modificado pela realidade em cada momento histórico e
em cada cultura, à medida em que a missão se realiza; da mesma forma, a Instituição.
As exigências e desafios de cada tempo foram criando os paradigmas; alguns
perduram, outros se restringiram a uma ou poucas gerações.
Assim, o máximo que podemos
fazer é buscar compreender o início, sem querer começar de novo. A revisão crítica da infância, aprendemos com
a Psicanálise, não significa voltar a ser criança, mas ajuda o adulto
reformular-se a partir de sua autocompreensão.
Também a Cristandade não
existe mais; apenas reverbera (cada vez menos) na cultura e, muito forte, na
mentalidade arcaica que ainda se mantém nos setores conservadores das igrejas.
Nos anos 70 do século passado,
tive contato com o livro “O Fim do Cristianismo Convencional”[1],
do teólogo holandês Willem Hendrik van
de Pol. O autor, através de detalhada análise da história do cristianismo,
afirma o fim da Cristandade[2], e
avalia o futuro da igreja no mundo secularizado. Esse livro marcou
profundamente a minha compreensão da fé cristã ainda no tempo de seminarista e
serviu como inspirador para a então Diocese Sul Central da Igreja Episcopal do
Brasil[3],
através da Comissão Central Executiva da Pastoral Diocesana (CCEPD), criada
pelo Concílio Diocesano ao início do episcopado do Bispo Sumio Takatsu.
Então, podemos rever - com
respeito e reverência – os paradigmas que vieram da Cristandade e questioná-los
a partir da realidade do nosso tempo e dos desafios que se colocam para a
confessionalidade cristã. Assim, podemos reinterpretar a vocação profética que
fez surgir o Movimento de Jesus e a Igreja Primitiva sem perder a riqueza
teológica que, de alguma forma, nos foi legada até hoje, inclusive pela
Cristandade.
Não estou afirmando um meio
termo! Estou afirmando a necessidade de reencontrar o Cristo em meio a um mundo
transformado e transtornado, onde ainda permanece a dor, a
injustiça, o poder da morte dominando a vida. Afinal, a Igreja de Cristo nasceu
e sobrevive até hoje neste mesmo mundo e manteve firme o estandarte da Boa
Nova, apesar de todos os tropeços.
Precisamos de uma nova
Reforma, ou melhor, uma Nova Forma de entender (e ser) a Igreja; nova forma
porque uma “re-forma” mantém a forma – quem puder entender, entenda!
O reencontro com Jesus deve provocar a avaliação honesta sobre nossos modelos, não só de Missão, mas da própria Igreja.
[1]
Van de Pol, W.H. – O Fim do Cristianismo
Convencional. São Paulo. Herder ed. 1969.
[2] Willem
Hendrik van de Pol nasceu em 1º de abril de 1897, em Nijmegen. Inicialmente,
lecionou geografia em Zeist e estudou teologia e filosofia em Utrecht. Criado
na Igreja Reformada Holandesa, também se envolveu desde cedo na Igreja
Anglicana em Utrecht, onde recebeu a confirmação em 1919. Tinha grande
interesse em liturgia e ecumenismo. Van de Pol se tornou católico romano em
1940, sendo ordenado sacerdote em 1944, mas mantendo estreita relação com o
anglicanismo.
[3]
Hoje, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e a atual Diocese Anglicana de São
Paulo.
Heil! agora está chegando o molho di picadinho hehehe! O último parágrafo do artigo é provocador! Você vai mesmo falar em reformar a Igreja? tá maluco! Vai ser mais azedo que chucrute! Mestre, achei o livro do Van de Pol, em alemão! Achei aqui numa livraria. Comprei! Maas um dia vou comprar um livro seu! Beijo.
ResponderExcluirVocê devia ler o original, em holandês! Sim! Vou falar em reformar a Igreja, aguarde. Não estou maluco não! Afinal, sou protestante, então concordo com os calvinistas: Igreja Reformada, sempre reformando. Se for como chucrute, então vai junto um Heiban (escrevi certo?) Já tenho um livro publicado, e vc já o tem. É um e-book, e são contos. Obrigado pela fidelidade com o Pirilampos...
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