Um ibérico é proprietário da cantina em um campus universitário, convivendo assim com estudantes e docentes. Todos os dias, escuta as conversas sobre temas elevados da maior relevância acadêmica. Não compreende nada, mas gosta de ficar ouvindo.
Um docente, fiel cliente da cantina, costuma dar certa atenção ao Sr. Manoel, o qual, por isso, se sente mais íntimo do referido docente. Assim, numa tarde chuvosa de quarta-feira, estando lá o docente, Manoel lhe pergunta:
"_ Ó senhor professor doutor. Cá escuto sempre os senhores e os estudantes a falar de uma tal de Lógica. Em todas as conversas sempre aparece a tal da Lógica. Mas eu não percebo bem o que vem a ser isto. Poderia lá o senhor explicar-me?"
O docente, terminando de engolir a coxinha morna, disse - com seu ar pernóstico, acadêmico:
"_ Senhor Manoel, não é muito fácil explicar o que é Lógica para um leigo no assunto, como o senhor. Então vou dar um exemplo, e o senhor poderá entender."
"_Ora pois, agradeço muito seu interesse em ensinar-me".
"_ Vou fazer algumas perguntinhas para o senhor", continuou o docente, " e conforme as respostas vou concluindo coisas novas e assim o senhor vai entender o que é Lógica".
Passado um curto instante, o docente pensativo, disse:
"_ Senhor Manoel, o senhor tem aquário em sua casa?"
"_ Pois que tenho, com uns peixinhos coloridos muito simpáticos".
"_ Ló-go, o senhor tem filhos ainda crianças."
"_ Sim, pois que tenho lá os miúdos, que aliás gostam muito dos peixinhos".
"_ Então", prosseguiu o docente, "lo-gi-ca-men-te o senhor é casado!"
"_ Pois, sou casado com a Maria Hermínia, já há 15 anos".
"_ Lo-go o senhor dá suas trepadinhas".
"_ Claro que sim senhor! mas veja lá, só com a Maria! embora teve aquela mulata que faz as coxinhas, mas isso foi só umas poucas vezes, como um bacalhau cozido, sem importância alguma."
"_ Então, lo-gi-ca-men-te, o senhor não é viado!"
"_ Mas claro que não, ó pá! Sou é muito macho, um macho lusitano!"
O docente fez aquela cara de professor satisfeito, por ter ensinado migalhas de seu douto conhecimento, e disse:
"_ Então, senhor Manoel, percebeu? Conforme cada resposta, eu ló-gi-ca-men-te fui deduzindo coisas a seu respeito. É assim que a lógica funciona."
"_ Pois! estou a perceber! uma coisa lo-gi-ca-men-te leva à outra. Muito obrigado, senhor professor doutor!"
No fim de semana, Manoel convida seu cunhado Joaquim Pedro para a bacalhoada e pelas tantas, assumindo o ar doutoral de quem sabe mais que o outro, diz:
"_ Ó Joaquim! tu entendes lá o que é Lógica?"
"_ Ora, carago, não faço a menor idéia do que seja isto!"
"_ Pois eu bem entendo disso, uma vez que trabalho na universidade e convivo com todos aqueles professores doutores. Vou explicar-te."
"_ Poorrrrra, Manoel, tú és mesmo um gajo instruído, Diga-me lá o que é a tal da Lógica!"
Manoel. tentando assumir um ar doutoral, diz:
"_ Pois vou fazer-te algumas perguntinhas e vais perceber o que vem a ser a tal da Lógica".
Manoel pigarreou, enquanto Joaquim tentava concentrar-se.
"_ Diga-me lá, ó Joaquim, tu tens aquário em casa?"
"_ Carago, Manoel, não tenho!"
Manoel parou, pensou um pouco e respondeu:
"_ Então, Joaquim, lo-gi-ca-men-te, és viado! Entendeste?"
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[o melhor da piada é que a conclusão do Manoel está ló-gi-ca-men-te correta, de acordo com o modelo apresentado pelo docente: em uma sequência de proposições que se apresentam dependentes, a negação de uma delas, nega o resto da sequência. A piada real é que o "professor doutor" deu um péssimo exemplo, um exemplo burro!]
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KKKKKK...!!!
ResponderExcluirGostei da piada e gostei da "lógica da negação"!
Abraços e Paz, hoje e sempre!
Sutíl a tua crítica ao "professor doutor", rsrsrs!
ResponderExcluirInteressante. Infelizmente, muito de "nossa cultura" foi passado de modo há fazer referências a essa lógica apresentada. Parabéns, Grecco.
ResponderExcluirA piada eu já conhecia, mas essa sua maneira de colocar as coisas é, no fundo uma crítica séria que precisa ser levada em conta.
ResponderExcluirParece mesmo que hoje, a Lógica se tornou algo dispensável ou melhor, algo a ser consumido conforme o interesse. Prova-se tudo sem que se prove nada.
Na verdade, perdeu-se o senso de ciência como conhecimento a serviço da humanidade, para se tornar apenas a vitrine dos egos daqueles que fazem da ciência sua mercadoria.
A ausência de incentivos públicos para a pesquisa científica (existem, mas os critérios de distribuiçção priviligiam sempre os mesmos com fama no LATTES), obriga muitos pesquisadores dependerem do patrocínio do Capital, que se apropria da pesquisa como mercadoria e fonte de lucro.
Lóó-go, a pesquisa se torna produto e o pesquisador se torna mão-de-obra (proletário), já que depende do proprietário do meio de produção (capital e mídia).
Lóó-go, a pesquisa científica hoje não busca resolver problemas, mas produzir lucro para o "capital investido" (patroicínio), que é, afinal, quem determina o quê e o como será pesquisado.
Lóó-go, o método se subordina aos interesses do Capital: mesmo que os resultados sejam negativos, é necessário que se atinja a meta (resultado) exigido pelo patrocínador.
Por isso comemos o que faz mal, consumimos mais remédio do que necessitamos, você continua fumando, falamos em ecologia e produzimos lixo não reciclável, queremos o bem do planeta, mas não recusamos as beneces do "progresso" patrocinado pelo capital ávido de lucro!
Bjks.