30 de nov. de 2012

Comunidade ou clientela?

Rev. FulanoMuitas vezes aparecem pessoas visitando a São Paulo Apóstolo, e travam comigo ou com alguém um diálogo assim:

“_ Esta igreja aqui é a mesma do Rev. Fulano, lá de (cidade)? a gente é de lá, frequenta lá. É que disseram que é a mesma!”

“_ Sim, é a mesma Igreja, somos parte da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil”

“_ Não sei se é essa, mas é a mesma coisa né? porque a gente gosta muito do Rev. Fulano, sabe, né, ele é muito bom, faz muita coisa boa!”

“_ Sim, eu sei…”

“_ Mas é tudo igual à igreja de lá, né?”

“_ Vocês são Episcopais Anglicanos?”

“_ É, acho que é isso, Anglicana, né? mas é a igreja do Rev. Fulano, em (cidade). A gente gosta muito dele, sabe? ele fala bonito, muito espiritual, e faz muita coisa boa pros outros…”

“_ Sei…”

“_ Aqui não tem muita gente, né? é que lá todo mundo gosta do Rev. Fulano… muita gente vai lá… ele é muito conhecido, né? Inclusive ele casou o Vice Síndico do meu prédio e batizou o filho da amiga da minha prima de segundo grau, foi assim que a gente conheceu ele.”

“_ Sei… mas vocês são bem vindos, em nome do Senhor Jesus Cristo!”

“_ Como é mesmo o seu nome? é que a gente quer telefonar lá pra Igreja do Rev. Fulano para ter certeza que é a mesma coisa; é que não é igual, sabe? lá não tem aquela coisa ali na mesona…” (ou “não tem vela”, ou “tem muito mais vela”, ou “tem a foto da avó do Rev. Fulano com ele no colo quando bebezinho, no lado do altar” – coisas desse tipo).

Já ouvi isso em outras comunidades onde trabalhei, e mesmo no meio ecumênico, gente que se refere à uma Igreja ou uma Denominação se referindo a um determinado pastor (vi isso em diferentes denominações).

Uma das coisas que sempre peço a Deus em meu ministério é que a Paróquia onde sirvo não venha a ser conhecida como a Igreja do Rev. Caetano, para que eu não peque por Soberba ou Orgulho. Eu pretendo servir ao Povo de Deus em Cristo, na comunidade episcopaliana onde esteja servindo e exercendo meu ministério, em comunhão com o Bispo Diocesano, e não a uma clientela que me idolatre! Eu tento sempre apontar ao Senhor, não a mim mesmo.

É o Espírito Santo de Deus quem deve fazer a Igreja, não a minha simpatia pessoal ou as sugestões do meu personal promoter, ou a minha enorme capacidade de bajular quem aparenta ser “pessoa de bem” (bens!).

É claro que as pessoas têm no pastor sua primeira referência, especialmente se são novos na comunidade. Mas o convívio com a comunidade acolhedora, a pregação, o ensino e – principalmente o não ter pressa para confirmar ou receber formalmente em comunhão uma pessoa a fim de mostrar crescimento estatístico – deve fazer aos poucos  que as pessoas se identifiquem com a Comunidade, e com a denominação. 

Que Deus me ajude! e que Deus salve a Igreja dos que se autopromovem usurpando o nome do Senhor! daqueles que, ao divulgarem a si mesmos, pensam estar divulgando a Igreja e o Evangelho, nas relações pessoais e, principalmente na mídia.

Como disse o Apóstolo São Paulo, “ […] de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento. (1. Cor 3.7)

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