23 de out. de 2018

Tiago de Jerusalém, o Justo, Irmão do Senhor!

James-of-Jerusalem-IconComo a maioria das Igrejas Orientais, também a Comunhão Anglicana celebra dia 23 de outubro a memória de São Tiago de Jerusalém, o Justo, o irmão de nosso Senhor.
Quem é esse Tiago, conhecido como Irmão do Senhor, a quem é atribuída a Epístola de São Tiago no Novo testamento?

Não se trata de um Apóstolo, embora dois deles tivessem o nome de Tiago. Esse Tiago que celebramos em 23 de outubro é um dos irmãos de Jesus mencionados no Evangelho segundo São Mateus (Mt 13.55).

Há várias tradições sobre esse Tiago, mas a melhor delas diz que José, um piedoso viúvo, recebeu por esposa à jovem Maria – uma menina dedicada por seus pais à Deus e que estava sob os cuidados do Sumo Sacerdote. Sendo José viúvo e com filhos, houve por bem ao Sumo Sacerdote sugerir a José tomar Maria como esposa para cuidar de sua família, comprometendo-se a respeitar o voto de Virgem de Javé feito por ela. Assim, Tiago seria um dos filhos de José.

Segundo a Tradição, nenhum desses irmãos de Jesus foi seu discípulo, embora algumas fontes indicam que Judas (não o Iscariotes), um dos Doze, tenha sido irmão de Jesus, pois em sua pequena Epistola, apresenta-se como “irmão de Tiago e servo de Jesus Cristo” (Judas,1). Como esse Judas é entendido como o Apóstolo São Judas, pode-se supor que, ao apresentar-se como irmão de Tiago, dá referência à autoridade de Tiago de Jerusalém, e humildemente se coloca como servo e não irmão de Jesus.

A Tradição da Igreja do Oriente conta que Tiago, irmão do Senhor, era homem letrado, conhecedor da Lei e muito piedoso.  Foi eleito pelos Apóstolos para liderar a Igreja de Jerusalém, e é considerado seu primeiro Bispo. A comprovação disso é que no episódio do Concílio de Jerusalém Tiago apresenta a decisão final sobre a questão se as normas judaicas (adotadas pelos cristãos-judeus) seriam válidas para os cristãos não-judeus que formavam igrejas fora da Judéia devido ao ministério de Paulo e Barnabé. Tiago se fundamenta no testemunho de Pedro bem como no entusiasmo de Paulo e Barnabé sobre a ação do Espírito Santo entre os gentios (cf. Atos 15).

Tiago, embora cristão, era – como a maioria dos cristãos da nascente Igreja em Jerusalém – zeloso de suas obrigações enquanto judeu: assíduo no templo e no estudo da Lei. 

Todavia sua fé no Cristo era incômoda ao Sinédrio e aos fariseus. Certa vez, no Templo, foi instado a renunciar sua fé cristã publicamente; tendo recusado, foi levado à murada e atirado do alto pelos fariseus. Não morreu na queda, mas foi espancado até a morte estando caído ao chão.  Esse fato aconteceu em 62 a.D., no contexto da perseguição movida pelo Sinédrio aos cristãos – ainda considerados como um grupo dentro do judaísmo.

A Igreja, desde tempos antigos, atribuiu a ele o título de “o Justo” pelo seu espirito conciliador que marcou a decisão do Concílio de Jerusalém e possibilitou às igrejas nascentes no mundo grego manterem-se em comunhão com as igrejas da Judeia.

São Tiago de Jerusalém é um dos inspiradores do espírito ecumênico, pois reconheceu a diversidade da Igreja e sua adequação às diferentes culturas humanas.

No Brasil, São Tiago o Justo é o patrono da Ordem de São Tiago de Jerusalém (OST), uma fraternidade não conventual na Igreja Episcopal Anglicana, cujos carismas se inspiram exatamente na Carta de Tiago e no espírito de justiça que caracteriza este Herói da Igreja.
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