Pequenas luzes... simplicidade... Pirilampos iluminavam a noite piscando; eram pontinhos brilhantes de vida na escuridão em noite de Lua Nova, como as estrelas! Pintassilgos são passarinhos comuns (ainda existem), de muitos tipos, e representam as coisas mais simples... selvagens, são livres!
18 de set. de 2013
A estranha rotina de um sujeito estranho
8 de jun. de 2013
Fim do caminho
Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR! Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.
Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.
(Jeremias 17.5-8)
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9 de mar. de 2013
Artimanhas do Inimigo
Satanás é um sujeito muito esperto, que se sente todo poderoso (ou, na verdade, pretendia ser!) cuja tarefa é tentar para depois acusar. Claro que esse sujeito age com a permissão de Deus. O Livro de Jó nos mostra isso, de forma bem clara!
A grande arma de Satanás é explorar facilmente os pontos fracos de alguém para atacar esses flancos. É um bom estrategista, sem duvida.
Já de cara, o mito da Queda nos mostra a maneira sutil de sua forma de agir: tenta o ser humano com o Poder (ser igual a Deus), aliás, motivo que provocou sua própria expulsão da Corte Celeste. Tendo sido seduzido pelo poder, ele tenta seduzir com a sugestão do poder… (cf. Genesis 3.1-6 e a sequência).
Interessante é que um dos nomes que o identifica é Lúcifer, algo como “Iluminado”, “Grande Luz”! Mas trata-se de uma luz que não ilumina, antes, ela cega! Ao invés de iluminar caminhos, ela cega e não permite que se veja por onde se caminha, e assim acaba-se no abismo da dor e do sofrimento.
O Pai da Mentira age de forma sutil, não tão explicitamente como no mito da Queda, escrito exatamente de forma simples para que possa ser compreendido como uma advertência e um aviso de cuidado.
O Diabo (que significa “aquele que quebra, que rompe que des-une”) lança sua luz ofuscante exatamente sobre as nossas fraquezas, inseguranças, temores e sempre nos ataca em momentos de grande fragilidade. Cria-nos a vontade obsessiva de manter tudo sob total controle de nós mesmos. Não se trata de inspirar precauções, atitudes de prevenção, mas de nos fazer acreditar, ou melhor, desejar, que tenhamos total e absoluto controle sobre tudo em nossa vida, fazendo-nos acreditar que assim diminuiremos nossas inseguranças e fraquezas. Leva-nos a agir como se tivéssemos o poder de controlar tudo e impedir que algo de “mal” nos aconteça, ou melhor, algo aconteça sem a nossa vontade e permissão! O problema da Tentação é que a Luz Diabólica nos faz perder a perspectiva da Graça e da nossa dependência do Amor Supremo. Porque a Tentação vem daquele que é o Egoísmo Supremo, que inspira o Orgulho Exacerbado e a ilusão de ter-se todo o poder. Passamos a querer controlar tudo e todos para que se cumpra sempre a nossa vontade, inspirada pelas nossas frustrações.
O grande prazer do Diabo é provocar mal estar nas relações humanas. É capaz de transformar coisas ínfimas em um enorme problema, abalando nossa segurança e confiança na direção de Deus. E quanto mais uma pessoa tenta servir a Deus, mais o Diabo a tenta.
Uma das maneiras do Diabo agir contra a Igreja de Cristo é promovendo a cizânia, inspirando “joguinhos de poder”, “estrelismo”, ciumeira, disputas sem sentido; tudo para atrapalhar o senso de solidariedade e cooperação que deveria marcar a vida do Povo de Deus.
Aliás, esse é o ponto fraco de qualquer instituição humana, e a Igreja é também uma instituição humana, por isso é falível dessas tentações: as pessoas são falíveis e por isso as instituições também o são.
Na verdade, o Diabo é um bitolado. Usa da mesma armadilha para atrapalhar qualquer iniciativa humana, qualquer forma de organização humana, seja a Igreja, seja o Estado, seja até a família ou a vida conjugal.
Semeando desconfianças, suspeitas, vaidades pessoais e aproveitando-se das nossas fragilidades o Diabo tenta alcançar seu grande objetivo que é desarticular a ação das pessoas em direção ao Reino de Deus, semeando um clima de permanente desconfiança e suspeita, que vai crescendo à medida que algumas pessoas se deixam levar pelas tentações, como um efeito dominó. Aproveitando-se da fraqueza de cada pessoa, o efeito dominó vai levando tudo ao mal-estar, à cizânia, e aos sentimentos de raiva, ira até chegar ao ódio. Pequenas atitudes, gestos, são sempre mal interpretados e se transformam em problemas enormes que cada vez mais incentivam as posturas de auto-defesa.
Com isso cria-se o afastamento, as pessoas passam a ter receio de expor o que pensam, ou mesmo de tomar iniciativas, ficando todas na defensiva.
Disse acima que a ação do Diabo é permitida por Deus! Será que Deus deseja se divertir às nossas custas? Não! Ele permite a tentação para exatamente nos mostrar nossa força: “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”(Tiago 1.12). Até porque Ele não nos permite uma tentação, ou uma provação maior que a Graça oferecida para superá-la: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (I Coríntios 10.13).
Assim, quanto mais forte for o ataque do Safado, mais forte é a Graça que o Senhor da Vida nos oferece! Ser fortemente tentado é um bom sinal! Sinal que você está caminhando bem na Estrada do Reino, e por isso o Inimigo precisa criar problemas, para paralisar você!
A única maneira de se vencer o Diabo é resistir a ele. São Tiago de Jerusalém nos diz isso: ”Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4.7). O Diabo é, na verdade um fraquinho: não suporta a resistência, reage sempre como cachorro acuado, aumenta seu ataque, mas a resistência o vence.
Como resistir? submetendo-se a Deus! Submeter-se a Deus é uma maneira de olhar a vida sem aspirar o controle de tudo. Reconhecer que dependemos de Deus sem que isso nos tolha a liberdade de pensar e agir. Manter a permanente certeza de que a Graça de Deus nos é dada sempre, e que o Senhor cuida dos Seus. Ter clareza de que o Diabo nos tenta de muitas formas e quanto mais queremos servir a Deus, mais ele vai atacar, por isso, estar atento e sempre colocar-se diante de Deus em oração de súplica e ao mesmo tempo de ação de graças, de gratidão.
E, principalmente, manter-se firme na caminhada que é iluminada pela Luz de Deus, através de Sua Palavra recebida desde nossos ancestrais na Fé, e da intimidade com Sua Palavra Encarnada, o Senhor Jesus, o Cristo.
Não podemos controlar tudo, e reconhecer isso é a primeira maneira de resistir ao Diabo. A segunda maneira é ter autocrítica, reconhecer nossos pontos fracos, nossas fragilidades para perceber quando ele nos ataca. A terceira maneira é sempre buscar agir nas nossas relações procurando ver no outro o próximo (aquele que nos ajuda –veja meu comentário sobre o Bom Samaritano).
Resistindo ao Diabo podemos ser construtores da Paz, agindo em solidariedade e renunciando à primazia de nossa vontade.
Que Deus nos ajude:
“Ó Deus, que sabes quão frágeis somos, guarda-nos a nós, teus servos e servas, defendendo exteriormente nossos corpos de toda a adversidade e purificando interiormente nossas almas de todo mal pensamento; por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus , agora e sempre. Amém.” (Coleta para o 3º Domingo da Quaresma – LOC p. 118)
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19 de jan. de 2013
Da Justiça e da Graça
Em um texto recente, partilhado no Facebook, o Rev. Marcos Inhauser chama a atenção para duas maneiras de pensar a fé cristã: a Teologia da Justiça Retributiva e a Teologia da Graça. Segundo Inhauser,
“Há duas grandes correntes de teologia: a da justiça retributiva e a da graça. A primeira tem uma multidão de seguidores. Acho que não exagero se digo que mais de 99% a seguem. A característica desta é que é sinergista: Deus faz a parte d’Ele e o ser humano tem que fazer a sua. A outra afirma a graça de Deus, o favor imerecido. Não é o pagamento de algo que se faz ou se deixa de fazer, não é o agir de Deus constrangido por alguma circunstância, não é resposta à oração. É o agir motivado somente pelo amor de Deus. A primeira vê as dificuldades, os obstáculos, os períodos de trevas como sinais do castigo de Deus, em função de pecados conhecidos ou ocultos. A segunda vê em tudo a graça de Deus. No dizer de um cântico: “indo e vindo, trevas ou luz, tudo é graça, Deus me conduz”. Ainda que seja no vale da sombra da morte, a presença d’Ele se faz sentida e a graça se manifesta.”
A Teologia da Graça me é mais simpática. E, de fato, experimento em minha vida o agir de Deus sem que me sinta obrigado a fazer algo para merecer esse agir; inspira em mim o sentimento de gratidão ao perceber o que Deus fez e faz! E também indignação quando Ele não faz o que eu penso que Ele devia fazer!!! mas depois da indignação, acabo percebendo Seu Coração Misericordioso.
Obviamente, a Teologia da Justiça Retributiva é mais condizente com as ideologias da modernidade e da pós-modernidade: é bastante lógica, ouso dizer aristotélica: ação e reação! Faço o “bem” e Deus me retribui com bênção! não faço o “bem”, Deus me retribui com castigo! Muito justo! As contas ficam zeradas, o balanço final é fechado sem perdas ou ganhos. Isso gera comportamentos religiosos dos mais interessantes, uma permanente negociação com Deus em troca de Seus favores. O problema desse tipo de pensamento é que coloca Deus refém das minhas ações. Como qualquer juiz, Ele apenas cumpre o que é determinado pela norma. Não há soberania de Deus, não há contemplação nem percepção da realidade amorosa de Deus.
Realmente é muito complicado para a nossa mentalidade pensar a gratuidade do amor de Deus. É contra o bom senso! exatamente porque o sentido da gratuidade não faz parte da nossa visão de mundo, da nossa maneira de viver. Por outro lado, uma má percepção do conceito de Graça faz surgir também comportamentos muito estranhos, como “sinais da bênção”, coisas como “dente de ouro” (uma histeria coletiva que percorreu igrejas históricas nos anos 80/90, quando um “dente de ouro” aparecia milagrosamente na boca do crente!!!).
Após minha experiência de encontro com Jesus o Cristo, conheci a Teologia da Graça no meio Protestante, durante minha busca de uma comunidade de fé – uma vez que o dogmatismo da Igreja de meus pais não me permitia a reflexão fora da doutrina formal; então meu coração e minha mente tomou consciência do chamado vocacional. E para isso tive, como ainda tenho, de aprender a viver na total dependência da misericórdia Deus. Isso não é uma coisa simples para alguém que, como eu, foi educado e treinado no contexto da objetividade aristotélica-cartesiana.
Mas vou caminhando, com a Graça de Deus, em meio às confusões conceituais dos dias de hoje, mantendo meu lema de vida desde a conversão: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia n’Ele, e o mais Ele fará.” (Salmo 37.5)
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1 de jan. de 2013
O que há de novo no Ano Novo?
Quando eu era criança, a festa do Ano Novo era sempre na casa do tio Mário e o Natal na casa do tio Acchiles. A família Greco (e Grecco, o escrivão errou algumas vezes…) se reunia no Natal na casa do Acchiles, e no Ano Novo na casa do Mário. Às vezes mudava um pouco, mas era aquele lance de festa familiar ampliada com os devidos anexos incorporados (cunhados e cunhadas, sobrinhos, sogros dos filhos, essas coisas). Uma vez a festa do Natal foi em casa, meu pai fez questão, mas foi tanta aporrinhação que nunca mais ele ofereceu a nossa casa!
O Ano Novo era mais divertido porque não tinha aquele lance pentelho dos presentes (os primos mais ricos sempre ganhavam os presentes melhores, e eu comecei a desconfiar que Papai Noel era puxa-saco dos ricos). No Ano Novo, tio Ricardo, o mais pobre da família, fazia a festa: recebia a gente na porta com a sacolinha cheia de nomes de países, a gente sorteava um nome e via para quem ia torcer na São Silvestre! Todo mundo pagava 5 cruzeiros (que nem pagava um cafezinho), e quem ganhasse a corrida ficava com a tremenda fortuna que mal passava dos 100 cruzeiros… Eu gostava quando a tia Beatriz ganhava porque ela acabava dando para mim (ela tinha um xodozinho por mim, porque talvez fosse o único sobrinho que se animava a sentar no seu piano e tentar tocar… quando ela morreu, o piano veio para mim, por vontade dela).
Sim, a São Silvestre, que era uma iniciativa da Rádio Gazeta e do jornal A Gazeta Esportiva, começava sempre pelas 23h30. e virava o ano com o pessoal correndo pelo centro velho de São Paulo. Muitos anos depois, a Globo Todo-Poderosa, obrigou a mudança de horário para não atrapalhar o Especial de Fim-de-Ano do Roberto Carlos, o show sempre igual… Naquele tempo não tinha os quenianos, e o grande herói da corrida era um belga, cujo nome não recordo…tinha também um careca que era da Checoslováquia que ganhava às vezes; certa vez ganhou um mexicano, e outra vez, um equatoriano, para frustração de todos, onde já se viu latino-americano ganhar de europeu? Eu sempre tive o azar de sortear um país que nunca ganhava: Peru, Brasil, França, Espanha, de modo que eu ficava olhando pela TV preto e branco sem muita expectativa.
Quando soava a meia noite, com muito menos foguetório que hoje, era realmente cômico: os adultos da família parecendo macacos: com o pé direito no chão (o esquerdo levantado), cacho de uva em uma das mãos, prato de lentilha na outra, sei lá como aparecia ainda a taça de champanhe, e ainda a romã com sete sementes (tinha de comer semente até o dia de reis…), e todo mundo dizendo “feliz ano-novo!”, aquele lance de abraçar, beijar, emoções, e o cara na TV gritando que a São Silvestre estava acabando e que o Belga já estava entrando na Avenida Cásper Líbero, onde acabava a corrida em frente ao prédio da Rádio Gazeta. Eu olhava aquilo e achava muito divertido, mas ficava tentando entender o que estava mudando além do número do ano no calendário e terminava dezembro, começava janeiro de novo…
Aos poucos fui entendendo que o tal Ano Novo não tinha nada de novo, apenas se recomeçava o mesmo de sempre. Comecei a reparar nos votos de felicitações que os adultos davam uns aos outros, quase sempre assim: “Muita Paz, muita alegria, muito dinheiro…”, e ai parece que se davam conta que o lance do dinheiro não era para todo mundo, então completavam, “… muita saúde! Saúde é que é importante, não é mesmo? tendo saúde o resto a gente resolve…” E a resposta, invariável,”para você também, pois é, saúde é que é importante…!”
É claro que o ser humano precisa renovar suas esperanças, se não a vida fica insuportável! Tem de ter um momento especial, onde tudo acaba e recomeça de novo. Escravos do Cronos, necessitamos fazer o Cronos recomeçar, porque do jeito que está não dá… Muitas civilizações organizavam seu calendário pelos ciclos da natureza: na Primavera, quando a vida ressurge depois de sepultada pelo Inverno, tudo se renova em esperança de que o novo tempo será melhor… A nossa Civilização, que já não tem a menor ideia do que seja a Natureza ou o Universo (além de uma tal de energia que fica assim fazendo cosquinhas de espiritualidade consumível) , o Cronos é regulado pela Contabilidade: 31 de dezembro é dia de fechamento do balanço contábil e 1º de janeiro começa um novo ano civil… e, de certa forma, todo mundo fica na esperança que o novo ano civil feche seu balanço, doze meses depois, com saldo positivo. Geralmente não fecha, porque o sistema não pode ver todas as pessoas felizes: felicidade tem de ser garantida para alguns, e para isso, muitos não podem tê-la. É a regra do mundo ocidental: quem pode, pode; quem não pode, se sacode no SUS porque “saúde é que é importante”.
Feliz Ano Novo! seja lá o que isso seja! e lembre-se: saúde é que é importante… haja saco!
Nota: apesar da ironia, eu dou graças a Deus porque quase sempre, depois de crescidinho, tive oportunidade de participar de boas festas de ano novo: vigílias na igreja, festas mais simples na casa de pessoas amigas e solidárias, caminhadas com amigos pelas ruas de São Paulo… é no convívio com pessoas queridas, amigos leais, sem hipocrisias, que vale a pena celebrar o ano novo, ou melhor, a vida em qualquer momento. É a amizade e o carinho sincero que renova a esperança… então, com meu carinho, felicidades a vocês que gostam de mim e vivemos em espírito de solidariedade uns com os outros. Aos que não gostam de mim, não adianta eu desejar nada, porque não vale a pena e eles nem vão dar importância: desejo, então, que vivam bem e não encham meu saco!
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