5 de fev. de 2010

Conversando com Deus sobre a Vocação


Senhor, estou aqui diante de Ti porque, enfim, não tenho mesmo com quem falar sem ser interrompido com análises, comentários, interpretações, justificativas e, até mesmo, observações cínicas. Afinal, sou um ser humano e Tu és o Criador; Tu me conheces melhor que eu mesmo, então não vais ficar fazendo especulações ou interpretações com base nos modismos e tendências interpretativas do coração e da mente humana. Posso falar livremente, sem preocupar-me com hermenêuticas, porque Tu já sabes mesmo do que se trata antes de eu dizer-Te. Na verdade, falar-Te é importante para mim, não para Ti que, pacientemente,  vais ouvir-me e até dizer-me o que dizer quando eu perder as palavras.
Quero deixar claro, Senhor, que me dirijo a Ti como o Pai; não é ao Filho, nem à “Espirita Santa” (eu não consigo pensar que Tu – ou Vós – só tenha atributos masculinos… ficaria complicado entender aquele papo do Gênesis “…macho e fêmea os criou, à Sua imagem, conforme à Sua semelhança, os criou …” – é algo assim! pelo menos para Ti não preciso ficar colocando as referências bíblicas).
Então, estou falando contigo, Pai!  mas às vezes posso me confundir e dirigir-me ao Filho, ou à Mãe… (essa Tua Unidade Trinitária é uma coisa complicada, que nem mesmo os Padres do Oriente e do Ocidente – que bolaram esse conceito – conseguiram entender, por mais neurônios que queimassem!)
Mas como Tu és tudo e o Todo, ao mesmo tempo és os Três e e também és cada Um, então acho que não vais Te confundir com meus enganos… Para evitar confusões, Te tratarei por Senhor (com o devido respeito pela Senhora) e fica por Tua (ou Vossa) conta e risco resolver com Quem estou falando. O papo é longo, talvez Vos tenhais de fazer um rodízio para não cansar, rsrsrs…  Ah! não Te cansas nunca! (e o sétimo dia? Não Te cansas, mas descansas? és baiano? rsrsrs… ooops! desculpe! foi só uma piadinha! Não sabia que Tu és Baiano Honorário! perdão!).
Tudo bem! …  está bem, estou Te enrolando!  É que o assunto é meio chato, aliás, nem sei como começar, por onde começar…  O começo? sim, claro, começar pelo começo! Não sabia que és também dado a chavões, Senhor! Tens senso de humor, não é, Senhor?
Pois bem, acho que o começo é quando Te encontrei … Perdão! Tu Te revelaste a mim. Aliás, já começamos meio na contra-mão, não é, Senhor? Eu andava te procurando com a minha racionalidade e Tu me deste um golpe baixo!  tiraste mesmo um sarro da minha cara, não é? – com aquele rapaz cego que testemunhou ter visto o Cristo  no momento em que eu falava sobre técnicas de estudo, naquele encontro de jovens (eles até pensavam que eu acreditava em Ti, mas eu já estava  desistindo de Te procurar – e o cego Te viu!!!  puta-que-pariu! é muito para qualquer racionalidade!).
Sim, é verdade, eu Te desafiei… mas acho que já resolvemos isso, não é? são águas passadas (ah! para Ti não passa; é tudo “já agora e ainda não”!). Ok!  faço de conta que entendo e vamos em frente, como dizem lá em Portugal, aliás onde se come um bom bacalhau … sim, Senhor, concordo que o bacalhau foi uma boa ideia que o Senhor teve, mas se não fossem os portugueses, com suas mais de mil receitas de preparo do dito cujo, não sei não…
Pois é, já passaram  40 anos desde o nosso primeiro encontro… Ah sim, Tu és Eterno! Tudo bem, mas eu não sou! Sou carne e preciso dos números para me localizar no tempo e no espaço… Ah! claro, para Ti, passado e futuro são coisas presentes! Tu és o que és! Acho que Tu te darias bem com a Física Quântica … Hummm! é imperfeita? mas quase chega lá, não é?
Então, a partir daquele dia, a minha vida entrou em reboliço. Até parecia que eu estava sendo domado por Ti, como se eu fosse um cavalo bravo e xucro ...  Ah! é? ainda sou? está bem, não vou discutir isso de novo contigo! Tu ganhas sempre!
Eu estava na minha, curtindo Te buscar pela racionalidade, pela objetividade, e já estava quase convencido que Tu não passavas de um consolo para quem não sabe lidar com a Racionalidade!  Mas aí,  Tu me apareces totalmente subjetivo! Eu falo de estudo e o cego Te vê?!?!  Pô! foi sacanagem da Tua parte, Senhor. Isso não se faz com um rapaz de 19 anos, fã de Einstein e metido a futuro cientista.
Pois é, esse é um dos problemas: sempre que eu estou chegando, sempre que estou quase lá,  Tu vens e me mostra outro caminho; com isso, eu tive de aprender que o Horizonte nunca chega, sempre anda à frente … Ah! é! ainda não aprendi … rsrsrs .
Não bastava eu ser convertido, assumido liderança entre os jovens do Movimento Encontrista, seguir minha carreira científica e dar um bom testemunho? Não! Tu vieste e colocaste no meu coração, e depois no meu entendimento, que eu teria de ser um servo! Tu me querias para servir-Te no serviço às pessoas em Teu nome! Perdão, em nome do Teu Filho! (olha, Senhor, na próxima vez, me faz nascer mulçumano ou judeu… essa Tua Regra de Três é muito enrolada! … ah! …  não tem próxima vez  …  sou cristão e não tem volta?! Tens razão! Falar árabe é complicado! e hebreu também!).
E assim, lá fui eu estudar tudo ao mesmo tempo: Ciência, Filosofia e Teologia. E ainda tive de enfrentar aquele lance de descobrir em que parte do Teu rebanho eu me encaixo. … Eu sei! eu sei! … Foi aquele Teu servo que era frade, virou bispo, arcebispo e morreu cardeal, quem me mostrou o curral a que eu pertenço (aliás, que não é o mesmo que o dele – mas como todos são da Tua  Fazenda, acaba sendo tudo a mesma coisa embora diferente – paradoxos são contigo mesmo, não é Senhor?…  calma! é só uma piadinha de matemático, Mãe!).
Aí, quando eu achava que tudo estava indo bem, veio aquele lance da política, aquela merda toda dos “anos de chumbo”: repressão, perseguição, prisão, tortura… sumiço e morte de amigos e amigas… o pessoal que se equivocou e morreu no Araguaia… amigos assassinados no Chile… Não, não quero lembrar isso! … solidão no meio da multidão (olha ai outro paradoxo!).
Tá! Tá bem! no fim deu tudo certo, mas puta-que-pariu, na hora, era uma barra, um cagaço atrás do outro… Eu sei! eu sei que Tu estavas lá com a gente, mas pô!  Tu tens uma mania chata de fazer de conta que não estás!  A gente não vê que Tu estás, e só depois é que a gente vê que Tu estavas! ….  Ah! é teu jeito? está bem, não vou discutir, mas pô! tem hora que fica muito complicado, a barra fica muito pesada! … ah! sim! eu sei, a Cruz do Teu Filho é muito mais pesada, porque tem o meu peso e mais o de toda a humanidade…
Passou! mas começou outra situação complicada. Fiquei Postulante ao Sagrado Ministério por quase 15 anos! Quinze anos, Senhor! “Recorde Mundial na Comunhão Anglicana”, quiçá na Tua Igreja toda, até hoje ! rsrsrs…  Quando eu perguntava da Ordenação, o Bispo, o Conselho Diocesano, o sei lá o quê da estrutura eclesiástica, criavam burocracias absurdas, ou exigências das mais complicadas. E lá ia eu atrás de novo, e de novo o Horizonte se afastando… Aí, eu desisti de pensar nisso ou de cumprir qualquer outra burocracia. Nós conversamos, eu me lembro, e eu disse que se fosse da Tua Vontade que eu fosse Ordenado, eu seria! Tu darias um jeito. E mandei a burocracia eclesiástica às favas (dei um “fôda-se”  para ela), e parti para a construção da minha carreira profissional.
Ah! é! … teve aquele lance, antes, com o meu querido professor de Teologia Sistemática, e que era meu Pároco na São João. Fui pedir a ele a tal carta de recomendação e ele, na maior cara de pau, se negou a dar-me!!! Fui falar com ele umas dez vezes, enchi o saco dele… até que ele me explicou porque não daria a tal carta (e não deu mesmo!): “Não é contra ti, Caetano! Não tenho nada contra ti! Mas a Igreja não te merece! Alguém como tu vai se dar mal na Igreja!”  - foi o que ele disse e  se negou a dar mais explicações… Sim, eu sei, ele está aí contigo e feliz! …  Fazendo música, é? bem, foste Tu quem deste esse dom para ele …  teologia também? ele gostava muito disso! … certo! ele gosta!
Lembra, Senhor, daquela aventura missionária, em Dourados? Que situação mais irracional  tu usaste para me chamar (ou me mandar?) para lá! Não vem ao caso lembrar os detalhes, é maluquice demais… Mas fui o primeiro Leitor-Leigo autorizado a distribuir o Sacramento Reservado; também provei a solidão, a cultura diferente, o convívio com os Terenas e os Caiuás na Missão Presbiteriana, o enfrentamento com a máfia das drogas, as ameaças de morte… morar seis meses na Capela São Pedro, em um bairro distante do centro, dormir no chão da capela… o choque de minha mãe e de meu irmão, em visita surpresa, ao descobrirem as condições em que eu vivia e decidirem pagar um Hotel/Pensão, para eu morar com um pouco de decência e conforto.
Foi lá Senhor, eu sei, que eu entrei na forja! e Tu malhaste duro, sem piedade! mas, ao mesmo tempo, eu sentia – e muito – a Tua Presença, dando uma coragem que até hoje não compreendo como fui capaz de fazer o que fiz. Foi o ano em que Tu moldaste meu ministério e me preparaste para o exercício do Sacerdócio de Teu Filho.
Mas, a burocracia eclesiástica travou novamente o meu processo, eu estava divorciado… moralismos …  É, eu sei! isso é coisa antiga! até Teu Filho teve de se aborrecer com os moralistas … Mas nós já havíamos tido aquela conversa: se Tu quiseres, eu serei Ordenado com ou sem burocracia e moralismos … Eu não faria mais nada para isso, ficou tudo nas Tuas Mãos! (por falar nisso, Senhor, quantas mãos tens? É tanta gente a colocar tudo nas Tuas Mãos … ah! sim! infinitas! saquei!)
Então, Senhor, anos depois, estava eu muito tranquilo, vivendo em Londrina, Leitor-Leigo na São Lucas,  não pensando mais na tal da Vocação, cuidando da possível carreira acadêmica e científica que estava começando,  fazendo a Pós, já aceito para o Mestrado (com certo estranhamento, pois  a Academia já me parecia um universo fechado, de gente arrogante, embora a Matemática e a Física ainda não estavam totalmente  contaminadas – mas vinham me encher o saco com aquele papo de ciência e religião).
Pois é,  de novo, Tu chegas para tirar meu sossego.  Para variar, me colocando numa saia justa! … Não ri não, Papai!  Fiquei numa saia justa sim!!!
Era o Concílio Diocesano; eu, delegado leigo, Segundo Secretário, sentado à esquerda do Bispo. Estou lá rascunhando a Ata, e já era a sessão final, os tais “Outros Assuntos”. Eis que pede a palavra o meu querido ex-professor de Grego e Hebraico, Arcipreste Emérito;  do alto de sua autoridade moral, se dirige ao Bispo e  pergunta: “Bispo, por que o senhor não ordenou ainda o Prof. Caetano?”  e teceu enormes elogios à minha apavorada pessoa. Sim! apavorada, porque ficou parecendo uma armação minha com ele…  Ficou aquele cheiro de cú queimado no plenário, o Bispo sendo inquerido sobre algo que – naquela altura do meu processo – era assunto pessoal e exclusivo dele. O Bispo deu lá sua explicação, que bastava a tal carta de apresentação por um ou dois presbíteros, eu requerer a minha Ordenação, e submeter-me ao exame médico e psicológico, e ao exame da Junta de Capelães.  Na mesma hora o Arcipreste redigiu e assinou a tal da carta, e vários outros se ofereceram para assinar também.  Pronto! Já queriam marcar minha Ordenação naquele mesmo trimestre. Eu tive de pedir ao Bispo esperar quase um ano, para eu concluir a Pós, e reorganizar minha vida. Pois é, Senhor! eu sei, era a Tua vontade atuando! Mas, caramba, tinha de ser assim, naquela correria toda? tinham passado 15 para 16 anos… e de repente, em três meses, eu receberia o Diaconato.
Lembro, Senhor, da Ordenação! Completei 24 anos em maio passado, jubileu de prata este ano! Cheguei no domingo pela manhã na São Lucas, em Londrina, e o pessoal me chamava Prof. Caetano, senhor Caetano, ou só Caetano. Duas horas depois, todo mundo me tratava com certa reverência e me chamava Rev. Caetano, ou Caetano Sei-Sei, como diziam os mais velhos daquela comunidade, cuja base é a colônia japonesa.  E com direito a vênia!  Até meus colegas de magistério na Universidade, presentes à cerimônia, me tratavam diferente. Na época, Senhor, eu vinha do movimento sindical, havia sido dirigente, estava muito ligado na tal Teologia da Libertação, tentava dizer a todos que eu era o mesmo de antes… demorei  para entender que eu não era mais o que era antes, o povo estava certo.
Lembro da angustia da segunda-feira, já sem a festa e os convidados. Eu olhei para o templo da Paróquia São Lucas e ai caiu a ficha que nunca mais eu entraria lá como Caetano, mas como Rev. Caetano, coadjutor naquela Paróquia, Diácono na Igreja de Deus, servo da Comunidade em Jesus Cristo, sinal do Teu amor para com todas aquelas pessoas e as demais que Tu colocares diante de mim. Por sorte, um Presbítero (hoje Bispo aposentado; na época, Secretário Geral da Igreja),  que participara da cerimônia, ficou mais um dia comigo e me ajudou a refletir quando tive o choque da tomada de consciência que eu já não era mais aquele que eu havia sido até então.
Mais tarde, depois de ordenado Presbítero, eu exercia uma tarefa que ninguém mais na comunidade poderia exercer: eu era, e sou, diante da Igreja reunida, o sinal da Presidência do Teu Filho, aquele que serve a todos na Consagração do Pão e do Vinho.  Sou, como os que são Presbíteros, Sacerdotes, aquele que veste a estola sobre os ombros, representando  a canga – o jugo – do Cristo. Tenho de ser, Senhor, o sinal da Cruz e da Ressurreição para a comunidade que Tu reúnes e entregas a mim na comunhão com meu Bispo e assim, com toda a Tua Igreja.
Pois é, Senhor… o tempo passou … Sei! para Ti não passa! és Quântico! rsrsrs!
Fui Reitor da área do Litoral Sul-Catarinense, atendia as Paróquias de  Cristo Redentor (Araranguá) e Páscoa (Praia Grande), a Missão em Torres, e começamos  a comunidade de Florianópolis.  Conhecia aquela parte da BR-101 como a palma da minha mão.  Quanta coisa, não é Senhor? Quanto eu vibrava com o ministério, com os estudos da Bíblia, com as ações comunitárias, o Clube de Mães, a catequese das crianças (com muitas conversas sobre ciência), a participação cidadã … Ah! obrigado! Tu gostavas também! … obrigado!
Foi o tempo de pastorado, de total entrega nas Tuas Mãos, onde o dinheiro do salário chegava no dia D (até o dia C, o caixa estava zerado, mas ai Tu davas um jeito!), onde, nas emergências de saúde, Tu sempre vinhas com a Tua Santa Providência … Sim! Te sou muito grato por aqueles anos, Senhor.  Os Encontros Momento Novo, a Ordem de São Tiago de Jerusalém … sonhos, encantos, descobertas, e coragem! Novos horizontes! … Sim, muito obrigado mesmo, Senhor!
Mas fui chamado para assumir o Seminário em Porto Alegre, não é Senhor? pois é, eu estava muito feliz no pastorado, mas lá veio Tu de novo… e eu fui parar na burocracia eclesiástica! Voltei a fazer as coisas que fazia alguns anos antes, quando era executivo em empresas ou professor! Só que ganhando muito, mas muito menos! … Sim! sim! não me faltou nada, Tu sempre proveste tudo! Não estou reclamando, só comentando …  Como? que arado? … Ah! aquela palavra do Teu Filho, de não olhar para trás ... Tá bem, tá bem! não comento mais nada!
Era óbvio, não é Senhor? o meu entusiasmo com as possibilidades do Seminário, desenvolver uma academia anglicana para a América do Sul … fora isso que o Primaz pediu quando me chamou para a tarefa!  Mas o que aconteceu? lá veio a burocracia eclesiástica, a política eclesiástica, o desencanto e … chutei o pau da barraca! Fôda-se! … Não, não é para Ti que eu digo, mas para aquela burocracia eclesiástica… aquela politicagem nojenta… Ah! Tu dizes o mesmo?! pôxa! concordamos uma vez, pelo menos!
Pois é! mas assim eu pude voltar ao ministério paroquial. … Sim, e foi uma coisa atrás da outra! De novo em Santa Catarina, depois em Portugal, depois Brasília e então… putz! então o CLAI … Pois é, Senhor, sempre encantos e desencantos! meus últimos 20 anos… encantos e desencantos! quando estou chegando, Tu mudas o caminho… sempre, sempre tendo de descobrir a Tua Santa Vontade!
O que eu queria dizer Senhor, nisso tudo, para acabar com esse papo longo porque tenho de almoçar, é que sempre que eu achava que estava tudo bem, que estava vivendo a minha vocação,  fazendo aquilo que sei fazer e faço bem! … obrigado! concordamos de novo! … rsrsrs!  Então, quando penso que o horizonte se abriu …  Não, não é que fecha, mas parece que ele se afasta, tudo muda de repente!  e eu volto a ficar na dependência de entender a Tua Vontade!
Está bem! … sei que me amas, Senhor! não duvido! … mas não é fácil viver sempre diante dessa questão: qual a Tua Vontade? … Eu sei! Tu nunca disseste que seria fácil! Mas…
Outra hora o Senhor me explica isso direitinho. Agora tenho de ir almoçar! Muito obrigado, Senhor pela tua Santa Paciência! Em nome de Jesus, Amém!

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2 comentários:

  1. Que fazias entre os índios? Ensinavas a eles os Evangelhos ou o Estatuto dos Índios?

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    1. Eu ajudava na Missão que consistia em um Hospital onde, inclusive, os Pagés atuavam com os médicos. Era missão Presbiteriana. O Hospital atuava especialmente contra a tuberculose e doenças trazidas pela ocupação branca, pois a reserva ficava muito perto da Cidade, doenças que os pajés não dispunham de meios para tratar; doenças como malária, por exemplo, que eu tive, os pajés tratavam. E um dos pajés me curou de sinusite...

      Não precisava falar do estatuto do índio, porque não existia naquele tempo. Mas ajudava na organização dos Caiuás e os Terenas a se ligarem aos nascentes movimentos indígenas... Eram tempos da ditadura... A Reserva era dividida entre os Caiuás e os Terenas.

      Algumas lideranças indígenas de hoje sairam da escola da Missão, onde não só aprenderam a ler como também a discutir... eu fazia parte da equipe de formação...

      Não se deixe enganar pelos preconceitos contra missões junto aos índios. Há missionários honestos e "missionários" canalhas... investigue antes de julgar!

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