22 de out. de 2009

Acarajé Evangélico!!! era só o que faltava!!!

No jornal capixaba A Gazeta, edição do último domingo, foi publicada uma matéria que serve de ilustração às aberrações do "mundo evangélico" daqui e do Brasil...

Você pode ler a notícia on line: clique aqui

Interessante é que um "pastor evangélico" se refere ao cuidado para não se comer pratos que sejam "oferendas". Além de demonizar o candomblé, agora demoniza-se também a cozinha bahiana.

Na verdade, esse pessoal tem muita confiança em Deus e no poder de Deus:  acredita que um simples "acarajé" pode manifestar uma ação diabólica na vida "espiritual" do "crente". Afirmam, assim, que o Diabo é capaz de derrubar a graça de Deus... boa teologia!

Logo veremos por ai: restaurante evangélico servindo "macarronada crente" (já que é prato italiano, deve ser coisa da a Igreja de Roma), ou pizza gospel (que virá com versículo bíblico escrito em molho de tomate) ....

Aliás, ao ler essa reportagem, lembrei-me de um amigo, pastor (de fato pastor) e bom comediante, que em uma esquete, sobre programação gospel de rádio, anunciava o "Motel Bom Pastor", especial para evangélicos(as), distribuidor das "camisinhas El Shadai", as únicas com versículo bíblico do Salmo 23: "... o teu cajado me consola"!!!

Melhor parar por aqui. Os absurdos que aparecem todos os dias no dito "mundo evangélico" é de fazer qualquer cristão perder a fé, para não perder o bom senso. Um detalhe: a senhora que vende o "acarajé crente",  é "evangélica" mas tem troco para R$ 50,00 (ver postagem abaixo).
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19 de out. de 2009

Deus não tem troco para R$ 50,00

Este caso copiei do blog do Ricardo, "Alterados e Sequelados" .  Uma ilustração do que anda acontecendo em muitas igrejas ditas "evangélicas":

Hoje trago a vocês uma história que aconteceu comigo há uns 5 anos.Pasmem, mas fui criado em um lar cristão,já fui santo, mas depois que sai da minha cidade natal para trabalhar descobri um outro mundo, nem pior nem melhor, mas alterantivo, fora da igreja. Houve uma época , logo que passei no vestibular, em que eu estava numa m..., é merda mesmo, pois sem patrocínio algum só com o meu salário, senti o peso das mensalidade e aluguel no bolso. Era hora de recorrer aos poderes divinos para tirar a corda do meu pescoço.
Então lembrei que havia uma igreja da denominação que eu frequentava quando mais jovem no bairro onde eu moro atualmente.Imaginei que a programação entre as igrejas devia ser a mesma, logo eu deveria ir na quinta-feira pois era a noite da benção financeira, ou algo do gênero.Me arrumei bem bonitinho, cabelo com gel bem arrumadinho, hoje nem sei onde esta o pente, peguei a minha farrapa carteira com os últimos R$ 50,00 que sobraram do massacre das contas e o qual eu deveria passar o mês inteiro.Mas como a esperança é a última que morre, mas morre... fiz um pensamento positivo que iria receber uma benção tão grande naquela noite que a famigerada onça iria sofre uma metamorfose e virar duas, três, quatro... uma mala de garoupas !UHUUULLL!!!!

Cheguei cedo na igreja, procurei um lugar próximo ao centro, sim pois eu me lembrava que na frente sentavam sempre os mais fanáticos e neuróticos e atrás os endomoiados, os bagunceiros, os atrasados e mais um pouco de neuróticos.Logo os aceclas do pastor vieram me cumprimentar e sondar-me para saber quem eu era, dei respostas vagas, pois se soubessem que eu era filho de pastor e tecladista...Jesus iriam pedir que eu pregasse naquela noite e tocasse um hino para alegrar a galera, mas eu só queria saber da multiplicação da oncinha!

No decorrer da noite chegou a hora dos desesperados e aquele pessoal que senta nos últimos bancos da igreja irem até a frente do altar para receber as orações e imposição das mãos por parte do pastor e da equipe dele.

Eu fui, claro, pois escutei as palavras multiplicação, prosperidade e finanças, e lá estava eu, um dos primeiros bem na frente! Fechei os olhos e comecei a orar,Deus me ajuda,Deus me ajuda,Deus me ajuda, também é uma oração, recebi a imposição de mãos sobre a minha cabeça, abri os olhos e virei para voltar para o meu lugar...Meu pai do céu!De onde surgiu todo este povo???? Era impossível voltar ! E como o pastor havia iniciado mais uma rodada de oração em prol dos desesperados na parte amorosa resolvi ficar, fechei os olhos e comecei a minha oração de novo, a mesma Deus me ajuda.

A hora da benção já havia acabado e eu ainda não conseguia voltar para o meu lugar, fui indo aos poucos e procurei um caminho "alternativo" para voltar ao meu lugar, no corredor que havia entre os bancos e as paredes da igreja .Como sou esperto, nem tanto, pois o pastor anunciou no microfone que havia uma última benção:

-"Irmãos, hoje estaremos fazendo a campanha da flâmula sagrada para Deus abençoar a sua casa e família!Façam uma fila do lado esquerdo e venham pelo corredor receber a benção e pegar a sua flâmula!Irmãos para receber a sua flâmula (uma bandeirola de feltro bordo com o salmo 91), estamos pedindo uma oferta volutária mínima de R$ 10,00" - não lembro ao certo das palavras dele, mas lembro do preço da flâmula e deste novo contexto de "oferta voluntária".

PQP!!! Advinhem aonde é que o lerdo aqui estava ? Bem no corredor esquerdo , tentando ainda voltar para o meu banco ! Lógico que não consegui voltar pois tive que entrar na fila para receber a benção e pagar pela flâmula.Foi só o que restou a fazer com 200 pessoas em fila num corredor apertado e eu na contra mão!

Lá foi este fervoroso alteradinho receber mais uma oração.Recebi a oração passando por um corredor humano formado pelo povo que senta nos bancos da frente, eu não disse que na frente sentam os fanáticos e neuróticos, saindo de dentro deste corredor havia uma senhora que segurava uma bandeja de inox com as flâmulas uma sobre as outras e outra senhorinha com cara de brava que cobrava a "oferta voluntária" e anotava o nome de cada um num caderno de orações.Passei pela flâmula sem nem olhar para ela, até que um senhor veio e me puxou pelo braço com leveza me apontando para a bandeja com as flâmulas.

Me ferrei !!!Logo pensei vendo o sorriso da senhora com a bandeja com as flâmulas para mim.Me levaram até a metade do corredor de novo, recebi mais uma oração, passei pela flâmula peguei uma, ainda me perguntaram se eu eu não queria presentear alguém com mais uma, lógico que não, talvez depois de ver a minha onça virar um monte de garoupas eu pdoeria fazer uma oferta maior para a igreja.

Na hora de pagar entreguei o meu último puto tostão no bolso para a senhora com cara de poucos amigos , ela rapidamente pegou o dinheiro anotou o meu nome e desandou a cantar de olhos fechados junto com o grupo gospel que se apresentava naquela noite enquanto a fila indiana de desesperados passava pelo corredor.E eu fiquei ali parado na frente dela esperando meus R$40,00, nesta altura do campeonato a fila já estava parada por minha causa, lembram que me levaram de volta ao corredor humano.

A velha parecia ser uma vitrola , só cantava de olhos fechados e toda vez que procurava chamar atenção dela para pedir o meu troco, mais alto ela cantava, e a fila parada. Foi então que dois homens que terminavam o corredor humano , sairam e vieram a minha direção e colocaram a mão na minha cabeça e fizeram mais duas orações fervorosas, até que um deles falou próximo ao meu ouvido: o irmão pode sentar, pois já recebeu a sua benção!

Ok, entendi o recado, Deus não tinha troco para R$ 50,00 e já vislumbrava mais um mês de perrengue! E foi exatamente o que aconteceu !
Pois é, minha gente! Agora, um conselho para quem é "evangélico": é bom levar dinheiro trocado na igreja, porque o seu "deus" não tem troco...

Como diz um amigo meu, é foda!

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16 de out. de 2009

Reflexão sobre Diaconia

Este é o esquema da Reflexão Bíblico-Teológica que apresentei na Oficina Regional do Serviço Anglicano de Desenvolvimento (2008)  e também no Concílio da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro (2009).

1. Etimologia
Dia (gr) = Divisão / Diakonia (gr) = partilha / Diácono = aquele que serve a partilha.

2. O que é Diaconia na Igreja
2.1 – é serviço à comunidade: serviço ao povo de Deus. Toda ação diaconal da Comunidade tem de atender aos fiéis, de acordo com as suas necessidades (partilha). => Expressão e construção da Koinonia.
2.2 – é serviço ao mundo: como sinal e símbolo (testemunho – martiria) da ação gratuita e graciosa do amor de Deus. => Ação Social.
2.3 – é serviço aos pobres e necessitados: como testemunho da graça libertadora de Deus em Cristo Jesus. => Serviço Social

Ação Diaconal é uma atitude fruto da piedade e da espiritualidade.
Inspira a Ação Social e não se limita ao Serviço Social

Veja algumas Referências Bíblicas (há muitas): Mateus. 14.13-21; Marcos. 6.30-44; Marcos 14.7; Lucas 4.18; Lucas. 9.10-17; João 6.1-15; João 12. 8; Atos 6. 1-7;
 
3. Igreja e Diaconia

      IGREJA = Koinonia, Diakonia, Martiria (Comunhão, Partilha, Testemunho)   >>> expressa-se na Liturgia
      IGREJA = Comunhão de serviço e testemunho – sinal da Presença de Deus no mundo.

Assim, a Diaconia :
    a) é inerente ao SER da Igreja
    b) é componente da MISSÃO da Igreja
    c) é Evangelização (mas não é evangelismo)
    d) está implícita na Liturgia >> ofertas e despedida


PONTOS PARA REFLEXÃO:

1. A Ação Diaconal de uma comunidade deve ser iniciativa fruto da espiritualidade e não uma maneira de “fazer a igreja aparecer”; mas a Graça de Deus em resposta à iniciativa da comunidade em servir em nome de Jesus dará o incremento.

2. A Ação Diaconal de uma comunidade não deve ser restrita ao serviço social. Clubes de Serviço (Rotary, Lions), Organizações Não Governamentais e o próprio Estado fazem isso melhor e de forma mais eficaz. A Ação Diaconal deve ser um testemunho do amor de Deus para com as pessoas.

3. A Ação Diaconal de uma comunidade não deve ser pensada como um “projeto para receber verbas”; mas quando se trata de um projeto sério, bem gerido e planejado, as parcerias de apoio e cooperação surgirão no devido tempo, pela ação do Espírito Santo de Deus.

4. A primeira Ação Diaconal deve ser em atendimento à própria comunidade dos fiéis:
    a) Quais famílias da comunidade passam necessidades? Que necessidades? Como podemos ajudar?
      b) Há desempregados na comunidade? Como podemos ajudar?
    c) Há uma situação de emergência que atingiu alguém ou algumas famílias da comunidade? Como podermos ajudar?
      d) Há doentes na comunidade? Como podemos ajudar além da oração e da visitação?

5. A Ação Diaconal de uma comunidade deve se expressar também pela postura cidadã de seus membros (Ação Social) = inserção no mundo, serviço ao mundo, testemunho.

6. Um projeto de Ação Diaconal deve:
    a) identificar as necessidades do local onde a Igreja está (qual a realidade ?);
    b) ser uma resposta às necessidades de forma a promover o desenvolvimento pleno da população alvo (o que precisa ser feito?)
    c) reconhecer as capacidades e incapacidades da comunidade (o que temos condições de fazer? e o que não temos condições de fazer?);
    d) ser um serviço de acordo com as capacidades da comunidade (o que vamos fazer?)
    e) definir as ações, e os critérios de parceria e as contrapartidas (como vamos fazer?).

7. Duas perguntas sutis: mantemos a infra-estrutura da comunidade com as coletas dos cultos ou com as contribuições regulares e outras rendas? Não seriam as ofertas, depositadas na salva, uma dádiva que - colocada sobre o Altar - deveria ser utilizada para o SERVIÇO  em nome do Senhor e não para a manutenção da infra-estrutura? Afinal, o Senhor precisa de alguma infra-estrutura? ou somos nós quem precisamos dela.?

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10 de out. de 2009

Símbolos Religiosos em repartições e locais públicos

O assunto tem levantado polêmica, mas quero dizer logo de cara, que sou plenamente favorável à proposta do Ministério Público de São Paulo em retirar os símbolos religiosos nos escritórios, auditórios, salas, de organizações do Estado.

O Estado Brasileiro é laico por definição constitucional, significando é um Estado não-confessional; a nossa Constituição garante liberdade de culto em nosso país. Por isso, a permanência de símbolos religiosos de uma só religião, ou melhor, de um subgrupo de uma só religião, é uma contradição!

Sim, porque os símbolos que hoje aparecem são cristãos, ou melhor dizendo, católico-romanos. Não me refiro apenas à imagem de Cristo Crucificado, que é caro a vários segmentos cristãos (por exemplo, algumas comunidades anglicanas e luteranas usam o crucifixo em seus altares). O uso de uma cruz vazia teria o mesmo significado: a afirmação de que aquele "órgão público" é cristão.

Quero incorporar aqui a declaração de Frei Demetrius dos Santos Silva, publicada no jornal Folha de São Paulo em 09 de agosto passado, porque concordo em tudo com o que ele disse:
“Sou Padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas. Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada!
Nunca gostei de ver a Cruz em tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas...
Não quero ver a Cruz nas Câmaras Legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte...
Não quero ver a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados...
Não quero ver a Cruz em prontos-socorros e hospitais,onde pessoas (pobres) morrem sem atendimento...
É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa da desgraça dos pequenos e pobres.”
O pior é a alegação de que estes símbolos religiosos evocam a "natureza pacífica" e os "valores morais" do povo brasileiro. O Congresso Brasileiro falar em "valores morais"??? é muita cara de pau! especialmente quando a posição é assumida por "bancadas", que são exatamente isso: bancas de venda de votos!

Quero ir mais além nessa questão. Acho muito estranho existirem pelo Brasil ruas e praças com nomes de santos católicos, ou datas católicas, assim como monumentos à Bíblia (que devem ser conservados com dinheiro público). 

Os que se auto denominam "evangélicos" de Salvador, por exemplo, manifestam publicamente sua contrariedade à existência de figuras de Orixás no Abaeté (claro que há exceções; há evangélicos e "evangélicos"), mas ficam orgulhosos da Praça da Bíblia, com monumento e tudo, cuja manutenção recai sobre os cofres municipais. E há praças e monumentos à Bíblia em grande parte dos municípios brasileiros. Aqui em Vitória, a imagem de Iemanjá no Pier, ao início da Praia do Camburí, "incomoda" a quase maioria evangélica da população. Mas é claro que aqui também há uma praça e um monumento à Bíblia.

  Não conheço nenhuma praça ou rua, neste Brasil imenso, com o nome de Muhamad - o Profeta, ou de Saladino - herói mulçumano que liquidou com o Reino dos Francos em Jerusalém; nenhuma praça dedicada ao Corão ou à Torá. Porque não temos Avenida Baha'i? Ou Largo de Krishna? ou Parque Siddharta Gautama? Pode ser até que exista aqui ou acolá, mas eu não conheço; e se existir é uma exceção à regra e deve provocar protestos imensos dos "evangélicos".

Alegar que o povo brasileiro é majoritariamente cristão é um contra-senso; mais contra-senso é afirmar que nosso povo é majoritariamente católico-romano (pode ser nominal, mas confessional não!). Se a questão é "maioria", então em Salvador - por exemplo - os órgãos públicos, ao menos os municipais, deveriam adotar figuras dos Orixás, não só no Abaeté...

Acho que é hora de acabar com isso. O Brasil todo imitou o Governo do Estado de São Paulo na idiotice de proibir o fumo em lugares públicos (em ambientes fechados, tudo bem). Se a proposta do Ministério Público de São Paulo for adiante e retirarem os símbolos religiosos das repartições públicas, tomara que o Brasil todo imite essa iniciativa paulista também.

Resta ainda discutir a questão dos feriados religiosos... isso será assunto em futuro artigo.
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7 de out. de 2009

Jonathan Myrick Daniels - Seminarista e Mártir

Jonathan Myrick Daniels nasceu em 20 de março de 1939 e morreu em 20 de agosto de 1965. Era seminarista da Igreja Episcopal dos Estados Unidos.

Jonathan foi assassinado por seu trabalho no Movimento Americano pelos Direitos Civis, pois atendeu à convocação feita pelo Rev. Dr. Martin Luther King. Sua morte fortaleceu o apoio da Igreja Episcopal ao Movimento pelos Direitos Civis.


Foi incluído como mártir no calendário Episcopal em 1991 e sua Memória é celebrada em 14 de Agosto.

Se você lê inglês, conheça mais sobre o Jonathan: Lectionary/Jonathan Daniels

No Orkut há uma comunidade em sua Memória: Jonathan Myrick Daniels